A Universidade Eduardo Mondlane (UEM) instala, a partir do corrente ano, o Centro Internacional de Economia e Gestão da Agua, o primeiro do género no continente africano. Trata-se de um organismo que surge num contexto de previsão, segundo o qual a falta de agua será um dos principais problemas da humanidade nos próximos tempos, podendo mesmo suscitar conflitos internacionais.
Para a UEM, o centro representa uma oportunidade para que possa fortalecer o seu papel e sua liderança em termos de formação e pesquisa no domínio dos recursos hídricos. A formação naquela unidade inicia em Outubro próximo com cursos de pequena duração dirigidos aos decisores políticos, ONG’s e outras pessoas que trabalham na área, para, em 2010, a UEM introduzir, entre outros cursos, os de licenciatura nas áreas de Hidrologia, Agronomia e Agronomia Florestal.
O Centro Internacional para Economia e Gestão de Água foi aprovado pelo Governo moçambicano e, para o desenvolvimento das suas actividades, tem como parceiros instituições internacionais, como é o caso da Cooperação Suíça. Através deste centro, de acordo com o vice-Reitor Administrativo da UEM, Angelo Macuacua, pretende-se aumentar a consciência dos gestores ambientais e económicos, bem como dos decisores políticos, sobre o papel da economia e gestão dos recursos hídricos no desenvolvimento sustentável.
Trata-se de um organismo que surge num contexto de previsão, segundo o qual, a falta de água será um dos principais problemas da humanidade nas próximas décadas, podendo mesmo suscitar conflitos internacionais. “Os problemas de quantidade, qualidade e distribuição de água irão, cada vez mais, constituir desafios económicos, políticos, científicos, tecnológicos e ecológicos, que o mundo académico não pode deixar de enfrentar e que requerem a intervenção dos cientistas em pesquisas multidisciplinares de pesquisa”, disse Macucua.
Um programa de pesquisa sobre água pode juntar investigadores das áreas humanitárias, ciências naturais e sociais, engenharia, direito, negócios, entre outras, sendo que, segundo Macuacua, a abordagem multidisciplinar pode produzir soluções práticas para os problemas que se levantam em relação à gestão da água. Stefano Farolfi, consultor do projecto de instalação do centro, chamou atenção para o facto de muitos países africanos estarem a braços com a falta de estudos socio-económicos, alocação e gestão de recursos hídricos.
Para solucionar este problema, ele defende a necessidade de se considerar questões como eficiência, equidade e saúde ambiental, o que requer um fortalecimento considerável da capacidade regional existente, razão pela qual é de extrema importância o treinamento para a melhoria da política hídrica e formulação de decisões de gestão. Moçambique é um país com um potencial hidroeléctrico importante a nível da região Austral de África, estando em curso inúmeros projectos de construção de barragens. Algumas dessas barragens, com características de mega-projectos, são as de Mpanda N’Kuwa e a Central Norte a nível da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).