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Moatize já produz carvão em grande escala

O Chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, e o presidente da multinacional brasileira “Vale”, Roger Agnelli, detonaram, domingo, a primeira carga de explosivos que deu início à exploração de carvão de um dos maiores depósitos do mundo, em Moatize, na província central de Tete.

Para o feito, ambos accionaram um botão instalado numa tenda gigante, onde decorreu a cerimónia oficial. A explosão que se seguiu gerou uma enorme nuvem negra de carvão e muita emoção no seio dos convidados que testemunharam o evento.

Aliás, não era caso para menos, pois era a concretização de um sonho muito antigo, e cuja materialização começou a ganhar forma a 27 de Março de 2009, quando Guebuza e Agnelli lançaram a primeira pedra, que marcou o início da implantação do empreendimento em Moçambique.

Presente em Moçambique desde Novembro de 2004, a Vale detém em Moatize a concessão de uma das maiores reservas carboníferas do mundo. Falando minutos após a cerimónia que marcou o início da exploração do carvão, o presidente moçambicano confirmou que, de facto, domingo foi a concretização de um sonho que se transformou em realidade.

“O que antes era um sonho hoje é um majestoso empreendimento no qual os recursos naturais impulsionam o desenvolvimento dos recursos humanos moçambicanos”, disse Guebuza, para de seguida explicar que, assim, o início da exploração ergue-se como um monumento que constitui um marco de mais uma vitória na luta que os moçambicanos travam contra a pobreza.

Segundo Guebuza, Moçambique possui um elevado potencial em recursos naturais como o carvão, gás natural, ouro, tantalite, areias pesadas, fosfatos entre outros, que constituem um pólo de atracção do investimento directo nacional e estrangeiro.

Por isso, o governo continua a introduzir reformas para melhorar o ambiente de negócios em Moçambique. Na ocasião, Guebuza lançou um apelo para que os moçambicanos adoptem uma “Economia do Carvão”, tendo em atenção a necessidade de explorarem todas as potencialidades deste recurso para gerar, de forma estruturada e sustentável, mais emprego, renda e desenvolvimento de Moatize, Tete e Moçambique.

Por seu turno, o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que a sua empresa já investiu em Moçambique cerca de dois biliões de dólares e que ainda tenciona investir outros quatro biliões de dólares dentro dos próximos cinco anos. Sobre a exportação de carvão, Agnelli disse que as previsões indicam que a mesma deverá iniciar em Julho do corrente ano.

“A exportação do carvão deverá ocorrer dentro dos próximos dois meses”, disse Agnelli, que acredita que o atraso das obras de reabilitação da Linha de Sena, não deverão constituir nenhum impedimento. “Nem que o carvão tenha que ser transportado de camião”, asseverou.

Actualmente, a Vale Moçambique emprega cerca de oito mil trabalhadores, dos quais mais de 85 por cento são moçambicanos. “Devemos chegar a 15 mil trabalhadores durante a segunda fase do projecto, que já está sendo implantada e desenvolvida”, disse o presidente da Vale.

Agnelli ressaltou que este número de trabalhadores vai mudar a face de Tete, pois vai criar uma grande demanda de outros serviços, tais como supermercados, transportes públicos entre outros.

Sobre os novos investimentos que a Vale tenciona realizar para os próximos anos, destaca-se a construção de uma linha férrea ligando Moatize ao porto de Nacala, na província setentrional de Nampula, e reabilitação do mesmo porto para poder manusear cerca de 22 milhões de toneladas.

Numa primeira fase, a mina terá uma capacidade nominal de produção de 11 milhões de toneladas de carvão térmico e metalúrgico por ano, que serão transportados pela Linha Férrea de Sena, numa extensão de cerca de 600 quilómetros, para ser embarcada no terminal de carvão que está a ser construído no porto da Beira, na província central de Sofala.

Após a conclusão da segunda fase, a Vale espera atingir no mínimo 22 milhões de toneladas, condição fundamental para a viabilização do investimento realizado.

Um dos aspectos mais importantes do projecto é o facto de que, a partir do próximo ano, Moçambique passará de uma situação de um balança de pagamentos negativa para positiva.

“As exportações de carvão vão atingir cerca de 2,5 a três biliões de dólares, e assim, Moçambique passara a ter uma balança de pagamentos positiva já a partido do próximo ano”, disse Agnelli.

Em Moçambique, a Vale também está envolvida em projectos de responsabilidade social, tendo para o efeito investido mais de 100 milhões de dólares. Entre os projectos destacam-se a reabilitação do Hospital Provincial de Tete, a construção de escolas e centros de saúde, desenvolvimento da agricultura local, entre outros.

Através da Fundação Vale Moçambique, instituída em 2010, a empresa convergiu todo o seu investimento social, oferecendo condições para que esta actuação seja mais transparente e participativa, ao mesmo tempo que garante uma visão sustentável e integradora para os projectos que realiza.

Este ano, a Vale já está a rubricar diversas parcerias em Moçambique, cite-se como exemplo, o acordo entre os governo moçambicano e brasileiro para a instalação de uma fábrica para a produção de medicamentos antiretrovirais em Moçambique, contribuindo com parte do financiamento para a sua construção.

A Vale também estabeleceu parcerias com o Fundo para o Fomento da Habitação (FFH) e o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG).

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