Criado em 2001 com o objectivo de expor as riquezas mineiras do país, o Museu Nacional de Geologia (MNG) carrega uma história de aproximadamente um século, provando, assim, a sua resistência à passagem do tempo. Mas, diga-se, estes são apenas os primeiros anos de uma instituição de carácter didáctico e científico.
São nove e meia da manhã de terça- -feira, 17 de Maio. Não ultrapassa as cinco pessoas o número das que visitam o Museu Nacional de Geologia. Mas nem sempre tem sido assim. Por vezes, em média, seis pessoas fazem-se àquele lugar. O horário de atendimento ao público varia consoante o dia de semana. Às segundas-feiras e feriados, o Museu encerra as portas. De terças a sextas-feiras, funciona das 9h00 às 17h (observando-se as pausas para o almoço), aos sábados das 9h00 às 14h00 e aos domingos das 14h00 às 17h00.
Estatisticamente, Moçambique conta com 20 museus, mas pouco são os que dispõem dos cinco requisitos internacionalmente exigidos para serem considerados como tal, um dos quais é o Museu Nacional de Geologia.
Localizado no cruzamento da longa Avenida 24 de Julho e da Avenida Mártires da Machava, o Museu Nacional de Geologia, abreviadamente designada MNG, começou por ser uma sinagoga. O museu herdou o património do extinto Museu Geológico Freire de Andrade fundado em 1940 e inaugurado três anos depois, expondo inicialmente colecções e documentos de trabalho relacionados com a geologia e com as minas e ainda produtos industriais.
Por diversas vezes e várias razões, o museu esteve encerrado e mudou de instalações. Até a sua criação, o MNG funcionava como um departamento da Direcção Nacional de Geologia e, em 1978, foi encerrado devido à falta de espaço quando a Direcção Nacional de Geologia foi transferida para o edifício localizado na praça 25 de Junho. Mas, mais tarde, graças à intervenção do falecido Presidente Samora Machel, foi cedido um novo espaço – uma vivenda do início do século XX que se chamava Vila Margarida – onde funciona hoje o actual museu.
O imóvel, que mantém o seu traço arquitectónico original, foi adaptado para servir como museu. O restauro, além de revitalizar, valorizou aquela obra construída nos princípios do século passado, cujo estilo arquitectónico revela os laços que marcam a presença colonial.
Subordinada ao Ministério dos Recursos Minerais, a instituição foi criada em 2001, através do decreto 5/2001 de 20 de Fevereiro, com o objectivo de expor as matérias-primas e minerais, e os produtos industriais importantes para o conhecimento da geologia de Moçambique.
No entanto, a exposição foi reaberta pelo ex-presidente moçambicano Joaquim Chissano no dia 21 de Setembro de 1992, após um processo de investigação e reorganização, incluindo a sua colecção de 1048 exemplares. Actualmente, o MNG dispõe de 5853 amostras, das quais 800 estão expostas. As que mais chamam a atenção do público “são as pedras preciosas e semi-preciosas, os minerais industriais tecnicamente valiosos e os cristais, invulgares pelas suas dimensões”.
As salas
O Museu Nacional de Geologia alberga duas secções, nomeadamente a de Geologia e a da Indústria, cada uma delas com várias subsecções. Na divisão geológica, encontram-se colecções de mineralogia (pedras preciosas), estratigráfica (rochas agrupadas por idades geológicas das várias formações) e de minerais económicos.
A viagem no interior do museu inicia-se na Sala 1, onde se encontra a exposição do desenvolvimento da História da Terra e alguns fósseis de Moçambique. Já na Sala 2 sobressai um esboço em relevo da geologia de Moçambique, o que permite conhecer as zonas ricas em recursos minerais, sendo ainda neste espaço possível observar um exemplar de Rubelite com 50 cm de altura, considerado o maior cristal existente no mundo extraído em 1956 na exploração dos pegmatitos de metais raros na província da Zambézia. Refira-se que uma parte deste cristal está exposta no Museu Smithonian nos Estados Unidos da América.
A Sala 3 tem cinco subdivisões, nomeadamente A, B, C, D e E. A Sala 3A apresenta as características macros e microscópicas de algumas rochas no país. Na Sala 3B, podem-se observar diversos exemplos sobre a geologia dos cristais, apresentando modelos didácticos que permitem uma fácil compreensão. Ainda no mesmo local é possível ver um exemplar de Quartzo fumado e leitoso de 45 cm de altura, com forma natural de gato siamês, colhido em Muiane, na Zambézia, em 1963.
A Sala 3C trata a cor dos minerais como propriedade de identificação e a 3D é apenas reservada a exposições de espécies temporários e funciona uma loja onde os visitantes poderão comprar algumas lembranças. E, por fim, a Sala 3E é um compartimento escuro iluminado por uma lâmpada ultravioleta que permite visualizar a radioactividade dos minerais raros como Nióbio, Tântalo, Molibdénio, Zircão, Urânio, Antonite e Fluorite.
Na Sala 4, está patente a exposição da colecção de minerais de Moçambique, as escalas de dureza e de densidade, e um painel alusivo ao gás natural e ao petróleo. Pode-se encontrar uma pepita de ouro extraída em Manica, amostra de Ouro nativo de Tete e Niassa. Na mesma sala, sobressaem ainda alguns exemplares de Flogopite, Mascovite, Turmalinas de diversas cores e únicas em Moçambique.
Na Sala 5 estão expostas rochas e minerais exploráveis, considerados matérias- -primas para vários fins industriais. Pode-se ver também uma vitrina no centro da sala com jóias feitas a partir da lapidação de pedras preciosas e semi-preciosas de Moçambique, tais como Morganite, Águas Marinhas, Turmalinas, Esmeraldas, Quartzo, Ametista, Topázio e Zircões.
Por mês, o número de visitantes varia entre 90 e 896. Só no ano passado, cerca de 46180 pessoas, na sua maioria estudantes e estrangeiros, visitaram o Museu Nacional de Geologia. Grande parte do público é de sexo feminino.