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Missionárias paralisam obras na Escola 12 de Outubro em Nampula

As irmãs missionárias do Mosteiro Mater Dei na cidade de Nampula forçaram as autoridades do bairro e do município a paralisarem as obras de construção de um bloco composto por cinco salas de aulas pertencentes à Escola Primária “19 de Outubro”, criada no ano passado e que entrou em funcionamento oficial com apenas 865 alunos do ensino primário, alegadamente porque adquiriram o espaço há mais 27 anos.

Caso as autoridades municipais continuem a construir as suas infra-estruturas, as missionárias prometem levar o assunto à barra do tribunal.

No espaço em causa, as irmãs pretendem erguer infra-estruturas sociais e de apoio a crianças pobres e vulneráveis da cidade e de outros distritos da província de Nampula. Localizada no bairro de Mutava-Rex, arredores da cidade, a escola encontra-se instalada no espaço das irmãs missionárias, detentoras de uma área equivalente a 50 hectares há pelo menos 27 anos.

Em contacto com a responsável do Mosteiro Mater Dei, a irmã Maria de Cármen avançou que aquela área foi cedida pelo município e que existe um título de propriedade em nome daquela instituição. Em relação às obras de construção das referidas salas de aulas, ela disse tratar-se de uma invasão ao seu terreno que adquirira através da indemnização de famílias que ali praticavam a actividade agrícola.

Maria de Cármen acrescentou que este problema faz parte de um rol de acções levadas a cabo pelas autoridades do bairro para desapropriar as irmãs do espaço, tendo acusado o secretário da Unidade Comunal Samora Machel de estar por detrás da usurpação do talhão. “Estamos preocupados com a situação. Caso as construções continuem, vamos levar o caso ao tribunal porque o nosso DUAT, ainda continua válido”, disse.

Além do município, segundo a responsável do mosteiro, o secretário da Unidade Comunal Samora Machel, Graciano Soares, está por detrás de desapropriação dos terrenos para ceder a terceiros em troca de algum valor monetário. A missionária, de nacionalidade espanhola, agastada com a situação, disse que a congregação pretende erguer vários projectos, com destaque para uma escola secundária para beneficiar pessoas desfavorecidas, sobretudo as crianças órfãs e vulneráveis.

Por seu turno, o secretário explicou que o bairro está a conhecer um assinalável crescimento, por isso não deve continuar com o mesmo aspecto que tinha há dez anos. O número de residentes aumentou e a população já mostra interesse em beneficiar das infra-estruturas sociais, designadamente estabelecimentos escolares, sanitários, policiais e comerciais para acompanhar o ritmo de desenvolvimento da zona.

Graciano Soares revelou que, neste momento, as autoridades municipais estão a trabalhar no sentido de sensibilizar as irmãs missionárias do Mosteiro Mater Dei para autorizar a ocupação do espaço em causa, de modo a garantir a materialização daquelas obras cuja conclusão irá aliviar o sofrimento de mais de 800 crianças que estudam debaixo das árvores.

Abdul Paulo, chefe do gabinete do Presidente do Concelho Municipal de Nampula, disse, recentemente, à nossa reportagem que a edilidade pretendia levar a cabo um estudo para avaliar as actividades que estão a ser desenvolvidas naquele espaço, porque com o crescimento da cidade elas não podem dificultar a expansão da urbe.

O secretário daquele bairro não encontra motivos para o embargo das obras, visto que as irmãs têm crianças que frequentam diversas escolas bastante distantes da sua residência e que com a conclusão das obras de construção de salas de aulas, a Escola Primária 19 de Outubro teria a capacidade de albergar um número maior de petizes, incluindo as carenciadas do mosteiro.

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