Os ministros de países da AGOA e outros delegados ao fórum – conhecido como Fórum AGOA, sigla da Lei para o Crescimento e a Oportunidade de África – visitaram a Roasterie, uma empresa de torrefacção de café a fim de verem como os grãos de café provenientes de África e de todo o mundo são torrados e processados, passando a ser um produto de qualidade superior para venda a consumidores americanos.
Acrescentar valor é importante porque permite aos produtores obter mais receitas criando produtos especiais, de maior valor, em vez de venderem apenas o produto em estado bruto.
Falando sobre a importância da AGOA aos que visitaram esta fábrica, o auto-descrito barão do café e proprietário de The Roasterie, Danny O’Neill, disse ao America.gov “Não há nada como encontros frente a frente” como o que teve com os visitantes africanos a 5 de Agosto.
“Hoje, tecnicamente, pode-se estar na Internet, não conversar com ninguém e fazer negócios, mas nós somos à moda antiga e portanto é óptimo. Há todo o tipo de coisas que acontecem” durante este tipo de encontros.
O’Neill explicou que cerca de 25% do produto da sua companhia de grãos torrados de primeira qualidade é proveniente de África, abrangendo o Quénia, a Etiópia, a Tanzânia, o Ruanda e a Zâmbia.
Os cafés da América Central, América do Sul e Indonésia constituem o resto da produção anual da sua companhia, de 1 milhão de libras (400.000 quilos), todos com cerca de 25% de aumento nas quatro áreas geográficas.
The Roasterie é uma empresa de cerca de $8 milhões que, como torrefacção de café especial, é considerada uma pequena empresa, mas aumentar o seu tamanho não é tão importante para O’Neill como a qualidade do seu produto.
O’Neill disse que os agricultores africanos são tão pequenos que a sua companhia compra a cooperativas agrícolas. “Num mundo perfeito, conhecemos as pessoas a quem estamos a comprar.
Envolvemo-nos na comunidade, temos relações a longo prazo. Só falamos de qualidade, qualidade, qualidade, qualidade”. Além disso, acrescentou, a sua companhia faz questão de pagar um preço justo aos agricultores. “Não estamos nisto curto prazo; estamos nisto a longo prazo e à procura da melhor qualidade. Se não tivermos lucros, saímos do negócio.
Por isso é do nosso próprio interesse fazer o melhor e que haja um bom relacionamento”, entre a minha companhia os agricultores africanos. O lucro não é uma palavra má, se se agir correctamente e todos na cadeia do produto beneficiarem. “Comparamos o lucro à altitude quando estamos a voar.
Quando há altitude temos opções. Se estivermos em baixo, perto do chão [com pouco dinheiro] não temos opções e quando não se tem lucro não há opções”. Olhando para o futuro, O’Neill declarou: “Penso que a África tem oportunidades enormes porque há pessoas que agora não cultivam café mas que poderiam fazê-lo. Há zonas onde não se cultiva café, mas em que se podia cultivar.
O aquecimento global vai… introduzir novas zonas do mundo onde se poderá vir a cultivar café” e vice-versa e há muita margem para expansão. Ele afirmou que a África “tem uma grande base agrícola agora e, se continuarem a melhorar como o resto do mundo, aumentarão a produção nas terras existentes, ou seja a oferta.
Do lado da procura, esta está a aumentar em todo o mundo. “A procura de café de qualidade inferior não está a aumentar. A procura de café de boa qualidade é que está a aumentar”, disse ele, e os agricultores fazem mais dinheiro cultivando e vendendo café de grande qualidade.
Referindo-se a África ele declarou “Penso que se encontram numa boa posição”. Agora “a África está na moda e é o local para se fazer negócios”, disse. “Penso que isso é um bom agouro para África também. Abrange tudo. Torna o café africano mais sedutor, mas penso que se aplica a todos os produtos”. O’Neill disse que a sua companhia também processa chá, mas não em tanta quantidade.
“Com o café é cerca de 50 chávenas uma libra, mas com o chá é cerca de 200 chávenas. As pessoas que tomam chá não tencionam tomar tanto café”. Ele explicou que a sua companhia ainda não está a processar nenhum chá africano, mas visitou produções de chá no Quénia e vê um grande potencial.
Mostrando uma fotografia sua numa exploração de chá no Quénia, que enfeita a sua sede, ele declarou, “Adorei isso, sem dúvida” e falou afectuosamente do seu contacto com agricultores africanos. Disse, carinhosamente, que levou ao colo tantas crianças quenianas nessa visita à exploração de chá que os seus braços ficaram a doer durante alguns dias.
O’Neill declarou que visitou o Quénia, a Tanzânia, o Ruanda e a Etiópia, mas deseja explorar mais países africanos à procura de produto. Um dos convidados da AGOA que visitou a fábrica The Roasterie foi Abdulsalam Usman, director assistente do Ministério do Comércio e da Indústria da Nigéria. “Esta é uma grande lição que nós levamos connosco para casa sobre a importância do valor acrescentado”, disse ao America.gov.
“Demos uma volta pela fábrica e vimos sacos de grãos de café que foram importados de países produtores de café. O valor foi acrescentado com tecnologia simples, que é o que a África precisa, o que os africanos também podem fazer”. Há uma região no nordeste da Nigéria em que se está a produzir café, mas, infelizmente, não em grande quantidade, explicou. “Com o apoio de instituições financeiras e dos que se dedicam ao negócio do café, podemos acrescentar tanto valor à produção de café”, que os nigerianos conseguirão fazer produtos de primeira qualidade.
O nono Fórum anual AGOA, que se realizou este ano em Washington e em Kansas City, Missouri, terminou a 6 de Agosto.