O ministro do Interior do Egito, Mohamed Ibrahim, sobreviveu ileso a uma tentativa de assassinato nesta quinta-feira, quando um carro-bomba explodiu perto do escolta onde transitava, e disse que o incidente é apenas o início de uma onda de terrorismo desencadeada por oponentes do governo apoiado pelos militares.
Ibrahim foi um dos responsáveis por comandar a violenta repressão a partidários de Mohamed Mursi, presidente islâmico eleito democraticamente que foi destituído do poder pelo Exército há dois meses, após manifestações de massa contra seu governo.
Nenhuma organização reivindicou de imediato a responsabilidade pelo ataque, o maior já realizado contra o novo regime.
A Irmandade Muçulmana, entidade à qual Mursi pertence e que é acusada pelo governo de terrorismo e incitação à violência, condenou o ataque. Mas a explosão mostrou o risco de a crise política no Egito desencadear uma onda de atentados de islamistas, como os realizados nos anos 1980 e 1990.
“O que aconteceu hoje não é o fim, mas o começo”, afirmou Ibrahim.
O chefe da segurança do Cairo, Osama Al-Saghir, disse que a emboscada teve início segundos depois de Ibrahim deixar a sua casa em Nasr City, na capital, a caminho do trabalho. Um veículo que estava à frente do comboio explodiu e o carro blindado em que o ministro estava foi alvo de intenso tiroteio, afirmou Saghir ao jornal Al-Ahram.
“O motorista do carro-bomba encontrou o seu fim, e os investigadores encontraram os restos de outro corpo, que estão a ser examinados”, disse Al-Saghir.
Um dos líderes da Irmandade, Amr Darrag, emitiu um comunicado em nome da Aliança Antigolpe, liderada pela Irmandade, condenando fortemente o atentado.
Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, foi destituído em 3 de julho. As novas autoridades impuseram o estado de emergência e toques de recolher noturnos, e prenderam Mursi e a maioria dos dirigentes da Irmandade.
Mais de 900 partidários da Irmandade foram mortos, muitos deles quando forças de segurança atacaram um acampamento de protesto pró-Mursi no Cairo, em 14 de agosto, e pelo menos 2 mil foram presos. Cerca de cem membros das forças de segurança também foram mortos na violência política.
A Irmandade Muçulmana diz estar comprometida com a resistência pacífica e por duas vezes na semana passada levou milhares de pessoas às ruas para condenar o que qualifica como golpe contra a democracia.
No começo da semana, Ibrahim havia dito estar informado de planos para matá-lo e que “elementos estrangeiros” estavam envolvidos. O chefe das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Sisi, então lhe forneceu um carro blindado, afirmou o ministro.
Houve relatos conflitantes sobre o modo como ocorreu o ataque.
Forças de segurança contatadas pela Reuters disseram que três bombas colocadas numa motocicleta tinham sido detonadas na passagem do comboio. A TV estatal informou que uma bomba foi lançada de um telhado.
Ibrahim disse que o ataque destruiu quatro veículos dos seus guarda-costas. Segundo ele, um oficial da polícia estava em estado crítico e um outro policia e uma criança haviam perdido membros.
“Muitos de meus guardas foram feridos”, afirmou ele, acrescentando que a explosão tinha sido detonada por controle remoto. Segundo a mídia estatal, 22 pessoas ficaram feridas.