Tropas e tanques atacaram, esta Quinta-feira (23), uma turbulenta cidade próxima a Damasco, em mais um capítulo da guerra civil que opõe o governo de Bashar al-Assad a rebeldes que tentam derrubá-lo.
A localidade sunita de Daraya passou 24 horas sob o fogo de tanques e helicópteros, período em que 15 pessoas morreram e 150 ficaram feridas.
Depois disso, os soldados entraram na cidade e ocuparam as casas, segundo as fontes da oposição. Houve pouca resistência no centro de Daraya, que fica na periferia sudoeste de Damasco.
Os activistas na capital disseram que os rebeldes armados provavelmente já haviam deixado a área ocupada pelo Exército. “Eles estão a usar morteiros para limpar cada sector. Aí eles entram, avançando rumo ao centro”, disse o activista Abu Zaid, falando por telefone dum ponto nos arredores de Daraya.
Outros activistas disseram que o Exército também bombardeava a cidade a partir do monte Qasioun e dum quartel da Guarda Republicana que fica próximo ao palácio presidencial, também num ponto elevado.
“Durante cerca duma hora ouvimos explosões e tiros. Não foi tão mau quanto ontem, mas as tensões estão realmente elevadas”, disse à Reuters o activista de oposição Samir al Shami, em Damasco.
Na manhã da Quinta-feira, as forças de Assad também ocuparam o bairro de Kafr Souseh, na zona sudeste da capital, e prenderam pessoas, segundo outro activista. Imagens colocadas no site YouTube mostraram o funeral duma mulher e seus cinco filhos mortos, segundo os activistas, por bombardeios em Daraya.
Eles disseram que antes de ser morta a família havia fugido da ofensiva do governo noutro subúrbio de Damasco, Mouadamiya. Os corpos estavam envoltos em lençóis brancos, com os rostos das crianças expostos.
Os participantes do funeral gritaram que “Assad é o inimigo de Alá”. Os adversários de Assad disseram que 86 pessoas foram mortas, sendo mais de 40 a sangue frio, na ofensiva governamental da Segunda e Terça-feira em Mouadamiya.
É difícil verificar as informações devido às restrições impostas pelo governo ao trabalho da imprensa independente. Os líderes sírios dizem estar a enfrentar “terroristas armados” e apoiados por governos ocidentais e de países árabes do golfo Pérsico.
A ONU estima que mais de 18 mil pessoas tenham morrido na Síria desde o início da repressão aos protestos contra Assad, em Março de 2011.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, ligado à oposição, disse ter contabilizado mais 60 mortes, esta Quinta-feira (23), incluindo 48 civis. Quarta-feira (22), a entidade, com sede na Grã-Bretanha, disse terem sido 200 mortes, sendo 129 de civis.