Milhares protestaram em toda a Argélia nesta terça-feira, exigindo mudanças políticas imediatas, um dia depois de o debilitado presidente Abdelaziz Bouteflika anunciar que desistiu de buscar um quinto mandato, mas sem chegar a renunciar.
Grandes multidões se reuniram em várias cidades, e a emissora de TV Ennahar noticiou que trabalhadores iniciaram uma greve que paralisou as operações no porto de Bajaia, no Mediterrâneo.
Bouteflika, de 82 anos, cedeu a semanas de manifestações em massa contra seu governo de 20 anos na segunda-feira e prometeu uma transição para uma nova liderança — mas adiou uma eleição marcada para abril, o que significa que provavelmente continuará no poder por mais algum tempo.
O diplomata argelino veterano Lakhdar Brahimi e grupos de protesto participarão de uma conferência para planejar o futuro da Argélia, disseram fontes políticas e governamentais à Reuters nesta terça-feira.
Brahimi, ex-ministro das Relações Exteriores da Argélia e enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU), deve presidir a conferência, que supervisionará a transição, redigirá uma nova Constituição e marcará a data das eleições, disse uma fonte do governo.
Os argelinos se cansaram do líder enfraquecido e de outros veteranos da guerra de independência da França de 1954-62, que vêm dominando um país com desemprego alto, serviços precários e uma corrupção desenfreada apesar de possuir petróleo e gás.