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Milhares de uruguaios abraçam Mujica em despedida da Presidência

Milhares de pessoas despediram-se nesta sexta-feira do presidente do Uruguai, José Mujica, um personagem com um estilo de vida simples e um discurso contra o consumo que o tornou num dos líderes mais populares do mundo.

Mujica, político de esquerda de 79 anos, foi ovacionado por 3 mil pessoas na principal praça de Montevidéu após receber uma bandeira do país no seu último evento oficial. O mandatário, que no domingo devolverá a faixa presidencial ao seu antecessor e correligionário Tabaré Vázquez, terminou o seu mandato com 65 por cento de aprovação, segundo a última pesquisa de dezembro da consultoria Equipos.

“Não vou embora, estou a chegar, irei com o último suspiro e onde estiver, estarei por você, estarei contigo, porque é a forma superior de estar com a vida. Obrigado querido povo”, disse Mujica, que será senador entre 2015 e 2020.

As pessoas, que carregavam bandeiras do Uruguai, outras com cores da Frente Ampla e máscaras com o rosto de Mujica, promoveram um aplauso quando o uruguaio encerrou o seu discurso.

“Mujica veio cumprimentar o seu povo e pôde abraçar sua gente. Isso foi o melhor de tudo o que aconteceu hoje”, disse Álvaro Domínguez, estudante de 24 anos, eufórico.

Nos seus cinco anos de governo houve establidade económica e foram priorizados planos sociais que reduziram a pobreza e a falta de moradia. Mujica também estimulou a controversa agenda progressista, que legalizou o aborto, o casamento homossexual e a soruma.

“Se tivesse duas vidas, eu gastaria elas inteiras para ajudar na sua luta (a do povo), porque é a forma mais grandiosa de querer a vida que pude encontrar ao longo dos meus quase 80 anos”, disse na sua despedida o ex-guerrilheiro que esteve preso por mais de uma década.

Contudo, os uruguaios ainda se queixam de problemas na educação, de uma desgastada infraestrutura rodoviária e uma crescente insegurança. “Não foi um presidente mau, foi um grande presidente. Mas não solucionou os problemas de insegurança e na educação, nessa área ganharam dele”, disse José Neri, um camionista de 29 anos que viajou do interior do país para se despedir do presidente.

Mujica, floricultor de profissão, tornou-se numa estrela da política internacional com discursos que questionavam o consumismo e destacam as coisas simples da vida. Mas a sua franqueza o forçou várias vezes a desculpar-se publicamente.

Como presidente, Mujica continuou a morar modestamente numa quinta nos arredores de Montevidéu, onde com a sua mulher, a senadora Lucía Topolansky, cultivam os seus alimentos e locomovem-se com um carro antigo. Um estilo de vida que reflete as suas origens num lar modesto, onde passou uma infância e uma adolescência difíceis.

“Não viemos ao planeta para nos desenvolver apenas. Viemos ao planeta para ser felizes. Porque a vida é curta e vai-se. E nenhum bem vale como a vida e isso é o fundamental”, disse na Cúpula Rio+20 em 2012, num discurso bastante compartilhado nas redes sociais e que o projetou à fama.

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