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Milhares de manifestantes tomam de assalto a City

Aos gritos de “Coma os ricos”, milhares de manifestantes tomaram de assalto nesta quarta-feira o centro financeiro de Londres, e expressaram a sua ira quebrando os vidros do banco RBS no coração da City na véspera da reunião do G-20 .

Bradando lemas como “Escória”, “Acabe com a inflação — Coma os ricos” ou ainda “Ladrões”, os manifestantes investiram contra a fachada da sede do banco RBS, próximo ao Banco da Inglaterra, no início da tarde.

Vários deles chegaram a entrar no prédio depois de terem quebrado os vidros, e atiraram equipamentos de informática para fora dos escritórios. Eles foram rapidamente contidos pela Polícia.

O Royal Bank of Scotland, que já foi uma das mais prestigiosas instituições da City, foi resgatado no final de 2008 por ajudas públicas que fizeram do Estado o seu acionista majoritário. Para muitos, ele simboliza a crise financeira mundial provocada pelos bancos.

“Fui agredido pela Polícia. Estávamos de pé quando um cordão policial nos empurrou para um lado e um outro cordão nos empurrou para outro”, explicou Neil Caffrey, desempregado de 45 anos, com o lado esquerdo do rosto coberto de sangue devido a um corte no olho.

“Vim para uma manifestação pacífica. Sou contra o capitalismo e a guerra”, disse. A manifestação, que reuniu cerca de 4.000 pessoas em torno do Banco da Inglaterra, havia começado em calma, sob um céu aberto e ao ritmo de uma fanfarra de jazz, no estilo Nova Orleans, de música eletrônica ou de reggae.

Mas a tensão começou a aumentar e logo brotaram alguns choques com as forças de segurança, no momento em que a multidão percebeu que a Polícia, onipresente, havia fechado completamente o perímetro, impedindo qualquer um de entrar ou sair durante horas.

“Estou aqui para fazer ouvir minha voz da única forma que posso fazê-lo legalmente. E o governo não reagiu. O governo deve passar à ação”, explicou à AFP Ysabel Jones, dona-de-casa de 38 anos. “Tenho cinco filhos. Quero que eles tenham acesso à água potável e à propriedade. Precisamos de um pouco de liberdade”, protestou.

Vinda do País de Gales, Ysabel respondeu ao apelo dos líderes do movimento “G-20: Meltdown in the City” (desintegração da City) para vir “tomar a City, chegando até o ventre da besta: o Banco da Inglaterra”. Quatro cavaleiros do Apocalipse –bonecos gigantes feitos em tecido e madeira– simbolizando a “guerra” em vermelho, o “caos climático” em verde, os “crimes do dinheiro” em branco e o “problema dos sem-teto” em preto, saídos dos quatro cantos da City, encontraram-se por volta do meio-dia na pequena praça situada diante da sede da instituição.

Temendo confrontos, várias lojas fecharam suas portas, e suas fachadas foram protegidas por placas de madeira. Aquecimento global, crise econômica, conflitos no Iraque, no Afeganistão e no Oriente Médio, democracia, anarquia ou simplesmente oposição à caça à raposa, os temas de interesse dos manifestantes eram diversos. “Não espero nada do G-20.

Estes dirigentes fazem parte da crise, não são a solução. Estão todos divididos”, considerou Sean Murrey, técnico de informática de 37 anos, brandindo uma bandeira vermelha com o lema “revolução”.

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