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Mia Couto alivia a tristeza nacional

Mia Couto alivia a tristeza nacional

O escritor Mia Couto, o primeiro moçambicano a participar no evento, ganhou o Prémio Neustadt. Entretanto, repudiando a crise político-militar que se vive no país, o autor considera que o prémio “é um alívio, um raio solar, neste momento nacional triste”.

Mia Couto foi seleccionado por um júri constituído por 9 autores internacionais para receber o Prémio Internacional de Literatura – 2014 Neustadt. Este galardão é patrocinado pela Universidade de Oklahoma (OU), pela família Neustadt e a World Literature Today (WLT) – uma revista literária e cultural internacional dessa universidade.

O jurado foi convocado no Campus Norman, para as deliberações que decorreram no dia 31 de Outubro, num evento integrado no Festival Anual da Literatura e Cultura Neustadt. Gabriella Ghermandi, nomeada para o Prémio Neustadt, referiu que Mia Couto “é um autor que aborda não apenas assuntos referentes ao seu país, mas universais que narram as vivências dos seres humanos”. Mia Couto é o primeiro escritor moçambicano a ser indicado e a ganhar o Prémio Neustadt. É considerado um dos autores mais importantes de Moçambique. As suas obras foram traduzidas para mais de 20 línguas.

Nesse sentido, para o autor, “esse prémio é cronometrado perfeitamente, como Moçambique está prestes a passar por um momento difícil. Para mim, pessoalmente, o galardão é certamente um alívio, um raio de sol, neste momento nacional triste”, referiu Couto quando soube da sua nova conquista neste ano. Entretanto, o director executivo da World Literature Today, Robert Con Davis-Undiano, considera que “Mia Couto está a tentar levantar o jugo do colonialismo, a partir de uma cultura de revigorar a sua linguagem. Um mestre da prosa portuguesa, ele quer levantar essa palavra-fardo, uma frase, e uma narrativa de cada vez. E nessa empreitada ele tem poucos ou nenhuns pares”.

Sobre o Neustadt

O Neustadt é um prémio literário internacional que decorre bienalmente, concedido exclusivamente a escritores, dramaturgos e poetas. Também é conhecido como “American Nobel” devido à ligação que possui com o Prémio Nobel da Literatura. O Neustadt é considerado um dos mais importantes prémios literários do mundo. Ao longo de sua história, o Neustadt vangloriou-se de 30 laureados, bem como dos jurados ou candidatos que passaram a receber o Prémio Nobel, incluindo escritores como Pablo Neruda, Gabriel Garcia Márquez, Orhan Pamuk, Mo Yan, Alice Munro entre outros.

O escritor moçambicano, o 23o laureado do Prémio Neustadt, irá receber o seu galardão no Campus Norman (OU) no outono de 2014. Refira-se que a carta da sentença determina que o Prémio Neustadt deve ser conferido unicamente em função do seu mérito literário. Cada vencedor é escolhido por um júri de escritores reunidos pela World Literature Today da Universidade de Oklahoma.

Fundada em 1927, a World Literature Today é uma revista literária e cultural bimestral da Universidade de Oklahoma. A sua missão é servir os interesses literários das comunidades internacionais, sendo que patrocina prémios literários ao mesmo tempo que funciona como um centro cultural para os estudantes universitários. Com 90 anos de existência, recentemente, a WLT foi reconhecida pela Academia Sueca como uma das publicações informativas bem editadas no campo da literatura, no mundo.

‘O escritor contrabandista’

António Emílio Leite Couto, no assento, Mia Couto nasceu em 1955 na cidade da Beira em Moçambique. Começou a sua carreira literária na luta pela independência do país, tendo editado duas publicações Raiz do Orvalho. A sua primeira obra poética foi publicada em 1983. Escreveu Terra Sonâmbula, um romance considerado muito representativo pela Neustadt. O mesmo foi publicado em 1992 com um grande sucesso e considerado um dos melhores livros africanos do século XX. O autor é muito conhecido pelo uso que faz do realismo mágico, bem como a sua criatividade na linguagem.

Em sua declaração de nomeação, Ghermandi escreveu: “Alguns críticos têm chamado Mia Couto ‘o escritor contrabandista’, uma espécie de Robin Hood de palavras que rouba significados para torná-los disponíveis em todas as línguas, forçando mundos aparentemente distintos para se comunicar. Dentro de seus romances, cada linha é como um pequeno poema”. Recentemente, Mia Couto receber o Prémio Camões 2013, um dos mais prestigiados da literatura portuguesa.

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