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Mia Couto abre ciclo de conferências do Projecto Fronteiras Braskem do Pensamento 2017

Mia Couto abre ciclo de conferências do Projecto Fronteiras Braskem do Pensamento 2017

Foto de Fim de SemanaCom uma exposição intitulada “Os deuses dos outros”, o escritor moçambicano Mia Couto procedeu à abertura do ciclo de conferências da 11ª edição do projecto Fronteiras Braskem do Pensamento, tido lugar recentemente em Salvador, no Estado da Bahia, no Brasil.

Na sua intervenção, Mia Couto referiu-se à influência de Jorge Amado na literatura moçambicana e a emoção que sentiu ao visitar o Memorial Casa do Rio Vermelho, onde o escritor baiano viveu com sua esposa Zélia Gattai. Também mencionou a sua admiração pelos artistas Caetano Veloso, Maria Bethânia e João Ubaldo Ribeiro, para além do seu amor pela cultura brasileira. Na conferência, que decorreu sob o tema “Civilização – A sociedade e seus valores”, o autor moçambicano defendeu a possibilidade de diálogo entre diferentes culturas e religiões. Mia apresentou ao público casos nos quais encontros entre nativos e colonizadores protagonizaram situações de interacção, com diferentes resultados.

Destacou a interacção entre diferentes tempos (o presente e o passado), as nossas raízes africanas como caçadores e a interacção com a natureza e o sagrado, algo que, segundo ele, forjou a nossa capacidade de contar histórias. Num outro desenvolvimento, ele ressaltou que é necessário combater a intolerância religiosa e as forças que, em nome de alguma religião, têm uma intenção claramente política.

Após sua exposição, o escritor moçambicano respondeu às perguntas do público. Entre elas, estava a pergunta Braskem, selecionada a partir de questões enviadas pelos seguidores do Fronteiras do Pensamento nas redes sociais: Nos tempos de individualismo, de “modernidade líquida” e da era da “pós-verdade”, há espaço, fora da ficção, para que sejam ouvidas as vozes situadas à margem?

Mia Couto indicou que “Sempre foi assim. Não vejo que houvesse um tempo em que a literatura não fosse algo feito contra a corrente, ou fosse uma actividade de alguém que se colocou numa margem para mudar o mundo. Quando se coloca numa margem é no sentido de ver o mundo melhor, a partir de um ter um pé dentro e outro fora. Acho que esse espaço sempre foi arrancado à força. Nunca foi dado a um escritor como uma coisa oferecida de bandeja”.

Em relação ao seu processo de trabalho, Mia considerou-o de caótico: “Normalmente, começa com um encontro com as pessoas, que são as personagens que constroem a mim e a história. Nesse momento, percebo que há ali uma coisa que faz com que hajam três caminhos, ou isso vai ser poesia, ou vai ser conto, ou se tem uma coisa mais complicada que vai ser um romance”, frisou.

Ainda neste evento, patrocinado pela Braskem, ramo petroquímico do Grupo Odebrecht, e pelo governo da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, está também prevista a participação da activista e defensora internacional dos direitos das mulheres e crianças, a moçambicana Graça Machel, para encerrar o ciclo de palestras, no mês de Setembro.

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