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Menores vivem desamparados na Maganja da Costa

Menores vivem desamparados na Maganja da Costa

Três menores de idade, órfãos de pais, vivem desamparados no posto administrativo de Nante, distrito da Maganja da Costa, na província da Zambézia. Desde que a morte separou os petizes dos progenitores, eles encontram-se mergulhados num ambiente de incerteza e deambulam pelas artérias daquela circunscrição geográfica à procura de alimentos para sobreviverem.

 

O posto administrativo de Nante dista, aproximadamente, 28 quilómetros da vila sede do distrito da Maganja da Costa. É naquela parcela do país onde vivem os menores que estão sob os cuidados de uma anciã, de 68 anos de idade, que depende, basicamente, da agricultura para sustentar os petizes. Trata-se de Acácio Paulo (de 10 anos de idade), Miro Paulo (8), e Délio Alberto (7). São crianças que vivem numa situação difícil cujo futuro é incerto por falta de apoio e condições de sobrevivência.

Depois de a progenitora ter perdido a vida, os menores foram acolhidos pela avó, de nome Joaquina Andrade. A sexagenária cuida dos três netos, incansavelmente. Ela teve a sorte de dar à luz quatro filhos, sendo três mulheres e um homem.

Devido às circunstâncias da vida, os seus filhos acabaram por falecer, vítimas de doença, deixando a idosa com três netos numa casa construída com base em material precário que está prestes a desabar. A anciã relata que o neto mais novo, Délio Alberto, é o único cujo pai está vivo, mas este não assume as responsabilidades desde que a sua filha morreu há quatro anos.

Quando a desgraça abraçou aquela família, os petizes passaram a viver sob o cuidado da anciã que teme que, a qualquer momento, possa deixar os seus menores à deriva, uma vez que o seu estado de saúde é muito débil.

Joaquina revelou que o dia-a-dia dos petizes é caracterizado por inúmeras dificuldades, sobretudo a ausência de alimentos, vestuário e espaço condigno para dormir. Por falta de condições e de alguém que possa ajudar nas despesas escolares, os três menores não frequentam a escola.

O mais velho, Acácio Paulo, frequentava, este ano, a 1ª classe na Escola Primária Completa de Nante, mas viu-se obrigado a abandonar os estudos. “Tenho vontade de ver os meus netos a estudarem, mas não há quem me possa ajudar nas despesas”, referiu a idosa.

O único neto que teve a sorte de um dia se sentar no banco de uma escola, apesar de ter desistido de estudar, aspira a ser professor. Mas o menor vê o seu desejo cada vez mais distante. “Já não vou à escola porque não tenho cadernos, nem roupa limpa para usar. Tenho vontade de estudar e formar-me de modo a ajudar os meus irmãos”, disse.

Muitas vezes, os petizes não têm o que comer, e dependem da boa vontade dos vizinhos, uma ajuda que não tem sido frequente. Os produtos que a anciã colhe na sua pequena machamba não têm sido suficientes para garantir o sustento diário dos netos. As folhas de mandioca, abóbora e de batata-doce são os principais alimentos da família.

“Não temos que escolher comida porque a situação em que estamos não permite. O que queremos agora é comer para garantir a nossa saúde, deixamos o resto nas mãos de Deus”, disse Joaquina.

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