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Menores mais envolvidos nos ritos de iniciação

Na província de Nampula, o número de crianças de menor idade submetidas a ritos de iniciação, sobretudo do sexo feminino, tende a aumentar nos últimos tempos, facto que preocupa a direcção do gabinete provincial de Atendimento à Mulher e Criança, devido à presunção das comunidades de que elas estão aptas para o casamento e actividade sexual.

Para Adelina Mosises, representante do referido gabinete, é necessário a adopção de estratégias consistentes para o combate do problema.

Falando, na cidade de Nampula, a um grupo de jornalistas da região norte do país que recentemente participaram do seminário de capacitação sobre o combate ao tráfico de pessoas, violência e abuso sexual de crianças, referiu que o fenómeno tem vindo a ganhar contornos preocupantes, em parte, por culpa dos próprios progenitores que obrigam-nas a irem a essas cerimónias.

Num outro desenvolvimento, Adelina Moisés referiu que uma das grandes consequências negativas da presença prematura de maior número de meninas nos ritos de iniciação, no caso desta província, uma vez que essa prática tradicional acorre em quase todo o país, é o aumento de casamentos prematuros, principalmente nas zonas rurais.

Pelo contrário, a presença de uma menina nos ritos de iniciação sem idade aceitável, não contribui para uma boa educação para ela. Aliás, a maior parte delas não vai à escola ou acaba por abandonar os estudos para ir casar, disse a fonte.

Uma outra desvantagem da presença prematura de raparigas nos ritos de iniciação é de que elas perdem os ensinamentos úteis que aprendem durante o período que estiverem lá, sendo por isso que hoje em dia é fácil desfazerem-se os casamentos normais.

Questionada pelos jornalistas sobre o que é que o gabinete provincial de Atendimento à Mulher e Criança estaria a fazer para fazer face a este problema, Adelina Moisés respondeu que se tem vindo a desenvolver várias actividades, entre as quais se destacam as viradas para sensibilização dos pais, encarregados de educação e líderes tradicionais, com destaque para as raínhas, incluindo os secretários de bairros ou de zonas, que autorizam a realização deste tipo de ritos nas comunidades.

Contudo, segundo ela, esse esforço não tem surtido os efeitos desejados devido, alegadamente à renitência dessas pessoas em acatar as mensagens que são transmitidas através, particularmente, de palestras, que são promovidas em várias comunidades da província de Nampula.

Todavia, e de acordo ainda aquela responsável, um outro fenómeno preocupante que se regista na província de Nampula está relacionado com o abandono de crianças por parte dos progenitores, que acabam por se instalar nas ruas das cidades, especialmente da capital provincial, onde para, sua sobrevivência, dedicam-se à limpeza de carros.

Ela explicou que a poligamia é um dos factores que contribui para que essa situação acorra em várias famílias, pois que ela, devido à pobreza que grassa na maior parte das populações moçambicanas, os homens não conseguem satisfazer as necessidades dos filhos, daí que preferem abandonálos, incluindo a própria mãe.

Para estes casos de abandono, o gabinete provincial de Atendimento à Mulher e Criança em Nampula tem vindo a trabalhar em colaboração com outras instituições, como tribunais, Procuradoria e PIC. E em resultado desse trabalho coordenado, alguns pais têm sido descontados nos seus salários mensais a favor dos filhos que abandonaram.

No que diz respeito aos casos de abuso sexual de menores, nos últimos tempos temos constatados aqui na nossa província, que os padrastos são os mais envolvidos nessas praticas, através de aliciamento das meninas, nos momentos de ausência das mães delas, explicou.

Entretanto, os jornalistas presentes no seminário regional-norte de capacitação sobre combate ao tráfico de pessoas, violência e abuso sexual de menores apelaram às autoridades governamentais do país, para que sejam mais implicáveis no tratamento destes casos com vista a desencorajar a sua prática.

Os profissionais do jornalismo classificaram a capacitação como tendo sido mais uma ferramenta que lhes permitirá reportar ou denunciar os casos de tráfico, violência e abuso sexual de menores, obviamente com a colaboração dos governantes.

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