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EDITORIAL: Menino mau

O presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Osvaldo Petersburgo, conhecido pelos seus habituais discursos genuflexivos – cheio de frases feitas e lugares-comuns – ao Governo de turno, perdeu uma bela oportunidade de ficar calado, revelando, até à saciedade, a insensatez por que ainda rege aquela agremiação juvenil.

Aliás, é sempre assim quando está diante de algum microfone ou gravador. E desta vez, o jovem veio a público dizer que este ano, ele e outros bobos da corte que se acomodam numa suposta Geração da Viragem, estão cansados e vão revelar algumas coisas que andam a esconder este tempo todo e, afirmou ainda, que andam cansados de ser enganados com discursos políticos que não têm nada a ver com a realidade em que vivemos.

Que fique claro, os comentários de Petersburgo, que deveriam servir de exemplo para milhões de jovens que vivem à intempérie, sem emprego e tão-pouco perspectivas de dias melhores, não passam de um teatro mal encenado, com tudo de ridículo. Na verdade, não passam de um farisaísmo crasso.

Não fosse a morbidez que a situação em si representa, era caso para soltar sonoras gargalhadas, tendo em conta aquilo a que o autor já nos habituou. É sabido – por inúmeras e enjoativas demonstrações – que o presidente do CNJ sempre andou a reboque do partido no poder.

Aliás, Petersburgo e a sua turma desde sempre revelaram padecer do “Síndrome de Pato Gordo”. Ou seja, sempre cantaram “vivas e hosanas” ao Governo na fatídica ilusão de que teriam voz e vez. Hoje, sentindo-se excluídos dos sucessivos e rotineiros banquetes custeados com o suor – até sangue – do povo, vem limpar as mãos às parede da humildade e lembrar-nos do óbvio.

Vezes sem conta, vimos Petersburgo representando um grupo de jovens, comportando-se como robô programado para sorrir e subscrever todas as delirantes ideias concebidas pelo Governo, ignorando os reais problemas que afligem centenas de milhares de moçambicanos.

Graças ao presidente de CNJ, a juventude continua alienada, infantilizada e votada ao subdesenvolvimento social, económico e cultural.

Na verdade, Petersburgo não teve nenhum arrebatamento de lucidez. Nem sequer está arrependido de ter ignorado os problemas da juventude que acredita liderar. O drama é outro: as dívidas que o CNJ contraiu por causa das “mentiras políticas” de Pedrito Caetano.

Reparem que na entrevista concedida ao Canal de Moçambique, deixou ficar a ideia de que pretende recorrer ao Chefe de Estado. Até porque tem lugar a Assembleia-geral da agremiação. Isto se o bom do Pedrito “soltar” o dinheiro que sabe-se lá em que masmorras terá ficado.

Uma coisa é certa: Petersburgo sabe cobrar o que lhe foi prometido. Nisso até os agiotas profissionais podiam aprender dele.

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