Na terra onde todos os caminhos de cruzam as medidas de prevenção da covid-19 agravaram a pobreza de quem tem no transporte de passageiros a sua fonte de rendimento. “Actualmente fazemos apenas uma única viagem e somos forcados a pernoitar a fim de conseguir mais passageiros, antes da eclosão da doença conseguíamos fazer duas viagens diárias com o carro bem lotado”, relatou Almeida Fortoma, chefe de família que opera nas rotas Mocuba/Lugela/Maganja da Costa/Pebane.
São quatro os terminais de transportes no Município de Mocuba onde operam mais de meia centena de transportadores de passageiros e de carga pela Província da Zambézia. No entanto em plena Estrada Nacional nº 1 a terra “onde todos os caminhos se cruzam e Moçambique se abraça” é local de passagem, e paragem, obrigatória para quem viaja entre o Sul e o Norte e também para o Hinterland.
“Desde que começaram essas medidas da covid-19 para fazer uma boa receita dependemos da sorte”, começa por declarar Eduardo Pinto, transportador na rota Mocuba/Gurué há cerca de uma década, ajuntando que “o pior acontece quando somos confrontados com a fiscalização dos agentes da policia, devido ao comportamento dos nossos passageiros alguns, não usam mascaras de protecção somos obrigados a dar alguma gorjeta para evitar multas”.
O chefe de família disse ao @Verdade que já não tem criatividade para as contas, “as receitas caíram de 6 mil para 4 mil Meticais nos bons dias” e considera-se bafejado pela sorte por continuar a conduzir, é que o seu patrão parqueou três das cinco viaturas que tinha no transporte semi-colectivo de passageiros.
Almeida Fortoma não tem dúvidas que a sua vida, assim como da esposa e três filhos, piorou desde que foram introduzidas limitações de circulação e lotação nos mini-bus como forma de prevenir a pandemia. “Actualmente fazemos apenas uma única viagem e somos forcados a pernoitar a fim de conseguir mais passageiros, antes da eclosão da doença conseguíamos fazer duas viagens diárias com o carro bem lotado”, lamentou.
O transportador de passageiros de 44 anos de idade, cinco deles nas estradas da Província da Zambézia, explicou ao @Verdade que além das medidas de prevenção muitos dos seus clientes habituais, professores e comerciantes, “já não se movimentam como antes, acham que o mini-bus é um dos locais onde se apanha o novo coronavírus, há muita desinformação e muitos preferem não fazer viagem porque os seus trabalhos deles estão parados”.
Também encerradas estão grande parte das barracas existentes no Mercado Central de Mocuba, “a circulação de pessoas e bens era todo o dia, mas com o decreto presidencial as coisas mudaram. Muitas barracas que vendiam alimentação e bebidas alcoólicas eram alugadas por estrangeiros, sem negócio deixaram de pagar o aluguer e desapareceram” contou ao @Verdade Joana Macamo, uma das proprietárias dos estabelecimentos comerciais.
Joana revelou que nenhum tipo de benfeitoria foi realizada no Mercado para se adaptar as medidas de prevenção da covid-19 que infectou 412 cidadãos no Município de Mocuba, 251 deles durante a 3ª vaga da pandemia, nem houveram apoios financeiros para os micro empresários e empreendedores locais.
O @Verdade constatou que não uso da máscara facial e a inexistência de fontes de água com sabão para a lavagem das mãos é uma prática comum não só nos transportes e mercados mas também em instituições públicas como as escolas e até mesmo no Hospital Distrital de Mocuba.