A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou nesta quinta-feira que retirará quase todo seu pessoal da província sudanesa de Darfur depois do sequestro, na véspera, de três voluntários ocidentais de sua seção belga e de dois sudaneses.
“A MSF está retirando suas equipas de Darfur”, afirmou o diretor-geral da seção belga dessa ONG, Christopher Stokes. “O único pessoal que permanecerá em Darfur será o que tentará obter a libertação dos colegas sequestrados”, acrescentou.
Cinco funcionários da seção belga da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram sequestrados em Darfur, região oeste do Sudão devastada por uma guerra civil, e dois foram liberados em seguida. A ONG anunciou mais tarde que os dois colaboradores sudaneses sequestrados foram liberados e confirmou que os voluntários estrangeiros raptados são uma enfermeira canadense, um médico italiano e um diretor francês.
De acordo com o governo sudanês, os três estrangeiros estão vivos e Cartum trabalha para a libertação de todos. “Eles falaram com seus colegas por telefone. Estão bem”, declarou Hasabo Mohamed Abdel Rahman, diretor da comissão sudanesa de assuntos humanitários.
“As autoridades trabalham para a libertação o mais rápido possível dos três voluntários”, completou, antes de afirmar que “este tipo de incidente pode acontecer em qualquer lugar de Darfur” e que Cartum repudia tais atos.
“Um grupo de homens armados entrou na quarta-feira às 20H00 no escritório da MSF-Bélgica em Saraf Umra”, declarou mais cedo à AFP Kamal Saiki, porta-voz da força de manutenção de paz ONU-União Africana em Darfur (MINUAD), a respeito da localidade que fica 200 km ao oeste de El-Facher, a capital de Darfur Norte.
“Esta é a primeira vez, segundo meus conhecimentos, que empregados de organizações humanitárias internacionais são sequestrados em Darfur”, completou.
Em Bruxelas, o ministério das Relações Exteriores já confirmara que colaboradores da seção belga da MSF haviam sido sequestrados em Darfur, mas que nenhum cidadão do país estava entre eles.
A seções francesa e holandesa da MSF foram expulsas de Darfur semana passada pelas autoridades sudanesas, depois que a Corte Penal Internacional (CPI) emitiu uma ordem de prisão contra o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por crimes de guerra e contra a humanidade.
As seções da Bélgica, Suíça e Espanha não haviam sido expulsas. A guerra civil em Darfur provocou 300.000 mortes desde 2003, segundo a ONU, mas apenas 10.000 para Cartum, além de 2,7 milhões de deslocados.