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Medicamento cardíaco Effient falha na busca dum novo nicho

O medicamento cardíaco Effient, da Eli Lilly’s, perdeu para o tradicional remédio Plavix num estudo clínico comparativo, diminuindo a esperança de que ele seja amplamente usado para tratar pacientes com problemas não críticos no coração e que tratam-se apenas com medicamentos.

O surpreendente resultado, divulgado, este Domingo (26), num encontro médico, é uma boa notícia para a rival AstraZeneca, cujo produto concorrente Brilinta conseguiu mostrar-se mais eficiente que o Plavix em estudo com número similar de pacientes e publicado ano passado.

A batalha entre os remédios anticoagulantes, que são produzidos para impedir coágulos em pacientes cardíacos, ganhou novos contornos, este ano, com a quebra da patente do Plavix, fabricado por Sanofi e Bristol-Myers Squibb.

Isso abriu as portas para versões genéricas do Plavix, ou clopidogrel, em ambos os lados do Oceano Atlântico, aumentando a pressão para que os rivais provassem que realmente tinham vantagem.

A Lilly e a sua parceira Daiichi Sankyo queriam provar que o Effient, também conhecido como prasugrel, era uma opção melhor para pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) que não devem receber um stent para abrir artérias bloqueadas ou passar por cirurgia de ponte de safena.

A SCA pode causar graves complicações, incluindo infartos e angina instável, causadas pela redução brusca da circulação de sangue para parte do coração.

Havia bons motivos para pensar que o Effient poderia ser melhor, uma vez que é um forte inibidor de plaquetas, que causam os coágulos.

De facto, o grande estudo, financiando pelas duas empresas e que envolveu mais de 9.000 pacientes, não encontrou diferenças reais entre o Effient e o Plavix na prevenção de infartos, derrames e mortes.

Ambos os medicamentos foram testados juntamente com a aspirina. oram observadas mortes cardiovasculares, ataques cardíacos e derrames em pacientes com menos de 75 anos, que formaram a maior parte da população estudada, em 13,9 por cento dos tratados com Effient, contra 16 por cento do Plavix, mas essa diferença não é estatisticamente significativa.

Do lado positivo, também não houve diferença nas complicações causadas por sangramentos, que sempre foram um factor de risco para os pacientes que tomam anticoagulante, além dum problema do Effient no passado.

“A segurança é muito confortante”, afirmou o Dr Magnus Ohman, do Centro Médico da Universidade de Duke.

Benefício a longo prazo?

Curiosamente, houve uma tendência de menor risco de complicações nos pacientes com Effient depois de 12 meses de tratamento, sobre a qual Ohman pediu mais testes.

O Dr Elliott Antman, do Hospital Brigham & Women, em Boston, e porta-voz da Associação Coronariana Americana, que não participou do estudo, afirmou que esse resultado sugere que as terapias antiplaquetas mais fortes podem trazer vantagem para pacientes no longo prazo.

A maioria dos testes de anticoagulantes para SCA concentraram-se nos pacientes que passavam por procedimentos invasivos, geralmente com stent, um pequeno tubo que é colocado na artéria coronária para impedi-la de fechar novamente.

Mas cerca de 40 por cento dos pacientes que não precisam de tratamento tão invasivo são tratados apenas com medicamentos, e havia uma esperança de que eles reagiriam melhor a um remédio mais novo e potente, como o Effient.

O pesquisador chefe da Daiichi, Glenn Gormley, afirmou que o resultado “não foi o que antecipamos”, e os especialistas médicos no congresso anual da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC), onde foram anunciados os resultados, concordaram que os números eram inesperados.

“O encontrado é um pouco surpreendente, porque pensamos normalmente que tratamentos mais agressivos para síndrome coronariana aguda trariam um resultado um pouco menos adverso, mas os dados são o que são”, afirmou o Dr William Zoghbi, presidente da Academia Americana de Cardiologia.

O Effient foi lançado há três anos, e a sua popularidade decolou menos do que muitos especialistas esperavam, com vendas mundiais de 302,5 milhões de dólares, ano passado.

Os analistas esperavam que esse número chegasse a 1,1 bilhão de dólares em 2016, de acordo com a Thomson Reuters Pharma.

O Dr Raffaele De Caterina, da Universidade de Chieti, na Itália, afirmou que as descobertas sustentam as directrizes actuais da Sociedade Europeia de Cardiologia, que recomendou o Brilinta, ou ticagrelor, para pacientes com SCA, enquanto o Effient foi limitado a pacientes com intervenções invasivas.

Os resultados do estudo com Effient foram publicados simultaneamente online e pelo New England Journal of Medicine.

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