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Mauricio Macri vence eleição na Argentina e põe fim a uma era do peronismo

O opositor de centro-direita Mauricio Macri venceu a eleição à Presidência da Argentina no domingo prometendo uma virada para recuperar a economia, uma manobra que vai requerer habilidade para manter as conquistas sociais da última década e evitar que o país caia outra vez numa crise. Macri que obteve 51,5 por cento de votos, contra 48,5 por cento do candidato do partido governista Daniel Scioli, coloca fim a uma hegemonia de 12 anos de governos “peronistas”.

Com a vitória de Macri, a Argentina tomará o caminho da reconciliação com investidores, que vinham desaparecendo para fugir dos controles cambiais, das restrições às exportações e de outras políticas intervencionistas da presidente Cristina Kirchner, que não pode concorrer a outra reeleição.

“Juntos podemos construir a Argentina que sonhamos”, disse Macri no seu comité central de campanha. “É uma mudança de época que tem que nos levar ao futuro, às oportunidades que precisamos para crescer”.

Macri, de 56 anos, enfrenta uma série de desafios económicos. O lento crescimento é resultante dos gastos insustentáveis, a inflação está bem acima de 20 por cento e os controles de capital não produziram o efeito esperado pelo governo, deixando as reservas internacionais em seu nível mais baixo em nove anos. O país também está atolado em um confuso default da dívida que está a bloquear o acesso aos mercados de crédito globais.

Macri, que cumpriu dois mandatos como edil de Buenos Aires, prometeu desmontar uma rede de controles cambiais e restrições comerciais que tem afastado os investidores e prejudicado o crescimento da Argentina.

Alterações na política económica incluirão a eliminação de pesados impostos sobre a exportação de grãos e saneamento dos dados económicos, que o governo de Cristina é acusado de manipular.

Mas em outros segmentos ele terá de agir com cuidado. Remover os controles de capital que refrearam o acesso a dólares e unificar uma taxa de câmbio multifacetada podem levar a uma forte desvalorização da moeda argentina, algo que, embora seja necessário para restaurar a competitividade dos produtos nacionais, provavelmente vai elevar os preços ao consumidor.

Nos estágios finais de campanha Macri indicou que favorecia um escalonamento na eliminação das restrições à moeda. “Não podemos resolver no primeiro dia todos os problemas que este governo está a deixar para trás”, disse Macri antes da votação no domingo.

A expectativa é que ele retire subsídios para os setores de energia e transporte logo no primeiro ano de governo, a fim de reduzir o déficit fiscal.

Economistas estimam que cerca de 20 por cento dos gastos do governo vão para subsídios, mas a sua remoção deve tornar-se uma medida impopular. “A transição de país falido para uma força global provavelmente será irregular e lenta”, disse Roberto Lampl, chefe de Investimentos Latino-Americanos da Alquity Investment Management. “Macri terá de desfazer 12 anos de danos, mas ele parece ter como meta dar prioridade à economia e ao crescimento.”

“Hoje há um optimismo em Buenos Aires que eu não via há mais de uma década. A mudança finalmente chegou à Argentina.”

Scioli, um peronista moderado, teve o apoio de aliados de Cristina, mas não conseguiu convencer a maior parte dos argentinos de que iria restaurar a confiança dos investidores, num momento em que a Argentina procura explorar reservas de petróleo e gás de xisto.

Mesmo assim, as suas advertências de que as políticas pró-mercado de Macri vão colocar os objectivos do grande capital à frente dos interesses dos trabalhadores, corroer salários e destruir reformas, serão previsivelmente as linhas de batalha entre Macri e os seus opositores ao longo dos próximos quatro anos.

“Se Macri desvaloriza a moeda, então as pessoas poderão ir para as ruas e protestar”, disse Ana Marchessi, advogada de 56 anos e eleitora de Scioli.

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