Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

Máquina brasileira da primeira fábrica de remédios contra SIDA em Moçambique já chegou a Maputo

Depois de quase sete anos de expectativa, chegou quarta-feira (27) a Moçambique a primeira máquina da fábrica de remédios de combate à sida do país, que está sendo montada com auxílio do Brasil. O equipamento, uma emblistadeira, foi trazido do Rio de Janeiro para Maputo em um avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB).

A máquina serve para moldar e embalar comprimidos. Foi levada para o local definitivo, um galpão na cidade vizinha da Matola, onde hoje já opera uma fábrica de soro fisiológico e glicose do governo moçambicano. “Os técnicos começam o treinamento já nos próximos dias. Eles vão aprender a montar um equipamento deste porte, bem como utilizar o maquinário depois”, disse a coordenadora do projeto, a brasileira Lícia de Oliveira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ela acompanhou a chegada da máquina na pista do aeroporto, junto com representantes da embaixada brasileira, três técnicos e o futuro diretor da fábrica, o também brasileiro Roberto Castrignani. A Fiocruz será responsável pela gestão técnica da planta, a primeira pública a produzir antirretrovirais na África.

Laboratórios privados produzem remédios anti-aids em pequena escala em Uganda, no Quênia e na África do Sul. Além da emblistadeira, outras máquinas virão do Brasil. “Esta foi emprestada pela Fiocruz. As definitivas já foram compradas e chegam a partir de Março do ano que vem”, explicou Lícia. Também foram encomendados diversos equipamentos para fabricação, controle de qualidade e armazenamento de remédios.

A fábrica de antirretrovirais é um desejo antigo de Moçambique. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em 2003, a intenção de ajudar o projecto, durante a primeira visita dele a Moçambique. O Congresso brasileiro liberou a verba em Dezembro do ano passado (R$ 13,6 milhões).

Na nova visita que fará a Moçambique no próximo mês, entre os dias 9 e 10, o presidente Lula deve visitar o local onde a fábrica vai funcionar. Moçambique é um dos dez países mais afectados pela sida no mundo, com índice de prevalência de 11,5% (no Brasil, por exemplo, é de 0,5%). Tem 1,5 milhão de infectados em uma população de 22 milhões de pessoas. Diariamente, 85 crianças nascem com o vírus HIV no país.

Segundo o escritório local do Programa das Nações Unidas para HIV-aids (Unaids), 200 mil moçambicanos são tratados com antirretrovirais. Bem mais que os 6 mil registrados em 2005, mas longe do necessário.

Em Setembro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação informou, em reunião das Nações Unidas sobre as Metas do Milénio, que, mesmo com o avanço, o país não conseguirá atingir seu objectivo no combate ao HIV. “Menos custo vai significar mais gente sendo atendida, porque teremos verba para comprar mais medicamentos, pagar mais médicos. É um ganho imenso”, relativizou o porta-voz do Ministério da Saúde moçambicano, Leonardo Chavane.

Além de antirretrovirais, a fábrica vai produzir medicamentos para combater a tuberculose e a malária. O prazo para o início das actividades depende, além da chegada dos equipamentos, do fim das obras de adequação do prédio.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!