Milhares de manifestantes foram às ruas da capital da Nicarágua para exigir a renúncia do presidente após uma repressão violenta da polícia aos protestos que deixou pelo menos nove mortos.
Os manifestantes agitaram bandeiras nicaraguenses azuis e brancas e bradaram “Presidente, saia!” em vários pontos nos arredores de Manágua, na segunda-feira, mas o governo manteve a polícia longe das manifestações depois da violência dos últimos dias.
Os protestos tiveram início na semana passada depois que o governo do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda cujos críticos o acusam de tentar criar uma ditadura familiar, lançou um plano de reforma da Previdência do país da América Central.
A repressão policial dos manifestantes e os limites impostos a uma parte da mídia deram ensejo a mais críticas contra Ortega. Na noite de domingo, na tentativa de acalmar as ruas, Ortega disse ter cancelado a iniciativa de reforma.
A marcha de segunda-feira, liderada por universitários, foi a maior de seus dias de protestos, segundo uma testemunha da Reuters. Os manifestantes pediram a libertação de colegas presos nos dias anteriores e o fim do governo Ortega.
O jornal conservador La Prensa, um crítico contundente tanto de Ortega quanto do regime anterior que ele lutou para derrubar, disse que ele “perdeu o controle das ruas”.
“Daniel Ortega não tem mais a capacidade política ou a autoridade moral para continuar governando”, escreveu.
A polícia confrontou-se com estudantes entrincheirados na Universidade Politécnica da Nicarágua na noite de domingo – um deles morreu baleado e cinco foram tratados de ferimentos, disse Bassett Guido, porta-voz da Cruz Vermelha, à Reuters por telefone na segunda-feira.
Guido informou que a Cruz Vermelha registrou nove mortes desde que os protestos começaram na quarta-feira e que atendeu 433 feridos.
Na segunda-feira o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH) disse que ao menos 25 pessoas morreram. Marlin Sierra, diretor do CENIDH, disse que 120 pessoas foram presas.
Ainda na segunda-feira, o Departamento de Estado dos Estados Unidos autorizou a partida de funcionários do governo dos EUA e restringiu os serviços consulares.