No jogo que marcou o regresso dos “Mambas” ao tradicional Estádio da Machava, a selecção nacional de futebol brindou os moçambicanos com uma saborosíssima vitória diante do Marrocos. Longe do habitual, os pupilos de Gert Engels apresentaram uma atitude de encher os olhos que surpreendeu tudo e a todos. Agora, apenas 90 minutos separam o país do CAN-2013.
Foi um autêntico balde de água fria para os que vaticinavam uma derrota dos Mambas, tendo em conta o 109º lugar ocupado por Moçambique no ranking da FIFA e a qualidade do futebol praticado por ambas as selecções.
Nos primeiros minutos da partida, os marroquinos, mais metódicos, souberam construir o seu jogo, privilegiando as transições rápidas da bola por todos os flancos. Não corriam e, calmamente, iam circulando a bola de trás para a frente de tal forma que agradou alguns dos cerca de 20 mil espectadores que se fizeram ao vale Infulene.
Do lado moçambicano, o futebol foi mais mecânico e objectivo. Aos comandados por Gert Engels não interessava enveredar pelo rodriguinho, mas sim partir rapidamente para o ataque à procura de golo.
O jogo em bloco (quando todos sobem quando se vai ao ataque), principalmente na etapa inicial da partida, teve desacertos que posteriormente foram corrigidos, mas também demonstrou ser um esquema bastante eficiente a ponto de desarmar o adversário, sobretudo no meio campo.
O ponta de lança Jerry foi o primeiro a lançar um aviso à baliza marroquina quando ao sétimo minuto desferiu um portentoso remate para a defesa de Qinani. Na sequência da mesma jogada, Clésio, a meio da rua, tentou violar a baliza contrária.
Calmos, os marroquinos circulavam mais a bola na expectativa de induzirem os moçambicanos a abrir espaços e atacarem. Eles iam ao ataque de forma natural, contudo, tinham sérias dificuldades nas penetrações pois os centrais moçambicanos mantinham-se sólidos na protecção a Kampango, enquanto os médios corriam atrás do esférico.
Golo! Os cerca de 20 mil moçambicanos que encheram o Estádio da Machava gritaram efusivamente quando, aos 27 minutos, Miro atirou de fora da grande área uma bomba para a figura de Qinani.
O único lance marroquino digno de realce, apesar do seu aparente domínio, surgiu aos 34 minutos quando num livre Lamyaghri obrigou Kampango a defender para o canto.
O duplo veneno “Mamba” na segunda parte
Os marroquinos entraram para a segunda parte com uma atitude diferente. Abdicaram da circulação de bola e passaram a praticar um futebol objectivo com saídas rápidas para o ataque.
Esse sistema, após a jogada de muito perigo que terminou com intervenção de risco de Kampango, evidenciou não ser característico do Marrocos e, por via disso, os jogadores cansaram-se cedo. Dominguez e companhia assumiram as rédeas de jogo e coube aos marroquinos apenas defender.
Enquanto o inicial 4 – 3 – 3 dos visitantes face à situação tinha mudado para 4 – 4 – 2, Moçambique fez o contrário e do 4 – 4 – 2 passou a 3 – 5 – 3, com Dominguez a ser o grande maestro na zona intermediária. Simão Mathe Jr. foi o “carregador do piano” que se encarregou de buscar as bolas na zona central para alimentar o meio campo, e dali para o ataque.
Fruto do total domínio e de vários ensaios ofensivos, finalmente os “Mambas” chegaram ao golo quando o relógio marcava o minuto 73. Dominguez pela esquerda do ataque, driblou um defesa e lançou o esférico para a zona central onde s encontrava Miro, que atirou a contar.
Com o golo, a selecção marroquina perdeu o norte e foi encurralada no seu meio-campo. O combinado nacional soube explorar no máximo os espaços deixados, sobretudo no flanco esquerdo. Aliás, foi este o lado que mais problemas criou aos visitantes.
Quando tudo indicava que o 1 a 0 seria o desfecho da partida, Dominguez brindou os moçambicanos com mais um golo que selou o marcador em 2 a 0. Com o resultado, a selecção nacional parte em vantagem para a segunda mão a ser disputada a 11 de Outubro em Marrocos.
De referir que esta é a última fase de apuramento para o Campeonato Africano das Nações que vai decorrer no próximo ano na vizinha África do Sul.