Madagáscar voltou a vulgarizar Moçambique em pleno estádio nacional do Zimpeto, na Cidade de Maputo, onde perdeu por 3-2 mas garantiu o apuramento para o Campeonato Africano para jogadores que que atuam nos seus países de origem(CHAN) graças a vitória tangencial há uma semana em Antananarivo. Terá sido uma das mais amargas eliminações do “Mambas” que ao intervalo venciam por 3-0. “Estamos a atravessar uma crise mas nunca vamos deixar de trabalhar”, admitiu o seleccionador interino Victor Matine.
Após a derrota por 0-1 na 1ª mão nem os mais fervorosos adeptos dos “Mambas” poderiam imaginar a cambalhota que a nossa selecção iria dar a eliminatória no intervalo do jogo desde domingo (04).
Dayo, num golpe de sorte, esteve com o corpo no sítio certo para fazer o ricochete da bola que a defesa de Madagáscar tentava aliviar e encaminha-la para o fundo das redes de Jean Donne Randrianasolo empatando a eliminatória.
O golo soltou os moçambicanos que pressionando Madagáscar sempre que perdiam a bola começaram a equilibrar o duelo a meio campo e a iniciar jogadas de ataque. Numa delas, ao minuto x35, Luís Miquissone foi lançado para a área e sofreu falta. Maninho, muito seguro, enganou o guarda-redes e fez a cambalhota na eliminatória.
Moçambique estava irreconhecível de tão bem que jogava, os ataque sucediam-se e com naturalidade aconteceu o 3-0 no minuto 43. Pressionado um defesa malgaxe atrasou para o seu guarda-redes porém o pequeno Luís Miquissone foi atrás do esférico e de cabeça, pasme-se, fez um chapéu a Jean Donne Randrianasolo.
Explosão nas bancadas do estádio nacional de Zimpeto que até resultou na queda de um adepto.
Antes do descanso o seleccionador malgaxe mudou a sua táctica e depois do intervalo viu-se uma equipa claramente à procura de vencer a eliminatória. Tal como em Antananarivo há uma semana Randianantenaina Arnaud saltou do banco e fez um golo a Moçambique, estavam jogados apenas 5 minutos da 2º parte.
No ataque seguinte Madagáscar poderia ter empatado devido a um mau atraso de um defensor de Moçambique que quase ia enganando ao seu guarda-redes.
Os malgaxes mantiveram o ritmo atacante e, no minuto 56, uma cruzamento aparentemente inofensivo chegou as costas dos defesas moçambicanos onde Lalaina Jacquot Manampisoa apareceu solto de marcação e atirou para o fundo das redes de Víctor fazendo nova cambalhota na eliminatória. É que os 2 golos no Zimpeto contaram a dobrar afinal a eliminatória ficou empatada 3-3.
Os “Mambas” foram impotentes na 2ª parte, apenas no minuto 80 Dayo conseguiu fazer o primeiro remate enquadrado com a baliza.
Gerindo o resultado até ao apito final os malgaxes poderiam ter marcado pelo menos mais 2 golos.
Selecção de futebol está “atravessar uma crise mas nunca vamos deixar de trabalhar”
“É triste pela forma como os jovens entregaram-se, a forma como nós lutamos e acabamos consentindo 2 golos por erros defensivos, mais uma vez, de posicionamento são situações que nós trabalhamos, devíamos ter corrigido isso a muito tempo mas prontos quem anda na chuva tem que se molhar. Vamos dar força a este pessoal e pensar nos próximos compromissos. Demos um sinal mas estamos muito tristes porque não é isto que nós queríamos, queríamos lutar para ganhar e dar alegria ao povo moçambicano. Mais uma vez agradecer o povo que veio aqui puxar por nós, não conseguimos mas não vamos baixar os braços, vamos arregaçar as mangas e continuar a trabalhar”, declarou o seleccionador interino após o jogo”.
Victor Matine considerou “inconcebível uma bola que vai nas costas, bola dividida e não vai ninguém para fazer a cobertura defensiva, vamos trabalhar” e admitiu que a selecção de futebol está “atravessar uma crise mas nunca vamos deixar de trabalhar, temos que acreditar que tudo é possível, acreditamos nós com esta rapaziada que veio aqui bater-se muitíssimo bem apesar de algumas dificuldades que estamos que estamos a passar, conseguimos fazer um bom resultado, não nos interessa agora porque estamos eliminados”.
O presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Alberto Simango Jr., não entendeu o que se passou no intervalo e na 2ª parte no entanto considerou que é altura de “levantarmos a cabeça e pensarmos o que é melhor para nós. Porque de facto do nosso lado todas as condições foram criadas para passarmos esta eliminatória, condições logísticas, de estágio, treino, tudo em conformidade, não houve nenhuma coisa que tenha falhado do nosso lado, entretanto na 2ª parte, em seis minutos, uma desatenção estranha deixarmos-nos sofrer 2 golos e assim castigaram-nos, não conseguimos passar para a fase seguinte”.
“Este é que é o futebol, vamos repensar em conjunto com os atletas o que nós queremos para o nosso futebol mas volto a dizer o nosso campeonato não é inferior ao malgaxe, entretanto situações de jogo decidiram o que acabou sendo esta eliminatória”, concluiu Alberto Simango Jr.
Tal como em 2017, quando o Madagáscar veio a Maputo marcar dois golos e eliminar a nossa selecção ainda na fase de apuramento da zona Austral para Campeonato Africano de futebol para jogadores que actuam nos campeonatos internos (CHAN) de 2020.