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Mais um sequestro na capital moçambicana; Comunidade anuncia manifestações pacíficas e “greve” comercial de três dias  

Guebuza reúne-se com muçulmanos

Uma cidadã de ascendência asiática foi sequestrada esta quinta-feira (23) na cidade de Maputo.

Na sequência dos sequestros que nos últimos meses têm sacudido Moçambique, com maior incidência na cidade de Maputo, a Comunidade de muçulmanos, ismaelitas e hindus decidiram encerrar todos os seus estabelecimentos comerciais a escala nacional.

A jovem, de 17 anos de idade, é filha de empresários que, entre vários negócios, tem uma loja de brindes e brinquedos, conhecida como Ayoob Comercial.

A família Ayoob é próspera mas, segundo uma investigação do jornal Canalmoz, as suas conexões e ligações no mundo empresarial vêm sendo pintadas de negro no seu processo de acumulação de “riqueza absoluta”. Ibraimo Latifo é o patriarca desta família, composta por uma dúzia de descendentes, sendo 6 irmãos e seis irmãs. Todos eles nasceram no norte de Moçambique, oriundos de uma família de poucas posses.

Em Abril deste ano um membro desta família, Momade Ayoob, foi baleado mortalmente quando sai de uma mesquita na cidade de Maputo, por criminosos ainda a monte.

Sequestros enfurecem Comunidade

Na sequência dos sequestros que nos últimos meses têm sacudido Moçambique, com maior incidência na cidade de Maputo, a Comunidade de muçulmanos, ismaelitas e hindus decidiram encerrar todos os seus estabelecimentos comerciais a escala nacional.  A decisão foi tomada num encontro que juntou centenas de cidadãos esta Sexta-feira(24), no Centro Cultural da Comunidade Maometana.

Estes cidadãos sentem-se ameaçados pois membros da Comunidade tem sido os alvos preferencias dos mais de uma dezena de sequestros já registados, nos últimos meses em Moçambique.

“Será que não existem outros empresários, proprietários de estabelecimentos comerciais que não sejam muçulmanos, hindus ou ismaelitas?”, questionam visivelmente agastados com a situação cujo fim continua uma miragem.

Esta Comunidade afirma ainda que já manteve encontros com o Primeiro-Ministro moçambicano, ministro do Interior, comandante-geral da Polícia da República de Moçambique. Nesses encontros o Governo disse que ia procurar resolver o problema e devolver a tranquilidade aos islâmicos que lhes foi arrancada desde os princípios deste ano.

O Governo e a cumplicidade!

“Este Governo pensa que nós não somos moçambicanos, nós também merecemos a paz e tranquilidade como os outros empresários e crentes de outras religiões”, afirmam para depois acrescentarem que tendo constatado a letargia, indiferença e inoperância do Governo, sobretudo da polícia que tudo devia fazer para resolver estes problemas, decidiram unanimemente encerrar durante três dias ( 27, 28 e 29 de Agosto) os seus estabelecimentos comerciais espalhados em quase todo o país, fazer uma manifestação pacífica com destino ao Ministério do Interior, na cidade de Maputo.

“Trabalhadores não vão ao serviço, estudantes não vão a escola”

Mais ainda, outras decisões  tomadas na noite desta Sexta-feira, dão conta que todos os membros da Comunidade que sejam funcionários e agente do Estado não devem ir trabalhar durante três dias,  ou seja, entre segunda e sexta-feira próximas. Igualmente todos alunos e estudantes não deverão ir à escola durante o mesmo período de tempo.

“Estas medidas têm efeitos imediatos, são fruto de decisões consensuais entre nós. Já tentámos pedir que se resolva o problema pacificamente, mas nada. Por isso preferimos tomar este tipo de medidas”, comentam ao mesmo tempo que se ouviam gritos e ovações enaltecendo a medida cujo cumprimento é obrigatório.

Relativamente a manifestação que se pretende seja pacífica, a Comunidade disse que ela ainda carece de aprovação pelo Governo. Só depois disso é que todos os fiéis membros, e outros cidadãos interessados realizar as manifestações em todas as capitais provinciais do país.

No encontro da noite desta Sexta-feira que durou cerca de três horas de tempo, contou com cerca de duas mil pessoas, não esteve presente nenhum representante do Governo. Mas a sociedade civil, sobretudo  os jovens moçambicanos estiveram representados pelo Parlamento Juvenil de que é presidente Salomão Muchanga, o qual disse em nome de toda a sociedade civil solidarizar-se com os recorrentes sequestros que nos últimos tempos têm abalado o país.

“Quero acima de tudo solidarizar-me com os familiares da menina de 16 anos sequestrada esta Quinta-feira na cidade de Maputo”, afirma acrescentando de seguida que subscreve e apoia as medidas tomadas pela Comunidade Islâmica, pois o Governo não está a levar o problema à sério.

Impacto da “greve” comercial

Presente no encontro esteve Ismael Mussa, muçulmano e igualmente deputado no parlamento moçambicano. Para Mussa os sequestros atingiram um  nível inaceitável e de intolerância ante um olhar impávido e sereno do Governo e da Polícia.

“ A meu ver, as medidas hoje tomadas e com efeitos imediatos são justas  e procedentes. Também constituem uma das formas de pressionar o Governo, uma vez fracassadas as conversões entre os governantes e representantes da Comunidade Islâmicas no geral.

Moçambique de um modo geral é um país cuja classe empresarial é maioritariamente composta por crentes e fiéis da Comunidade muçulmana, ismaelita e hindu. São estes que se afiguram os proprietários de dezenas de milhares de estabelecimentos comerciais espalhados um pouco por  todo o país.

Com a medida de encerrar todos os seus estabelecimentos durante três dias da próxima semana, as implicações não serão para menos, falamos sobretudo daquelas pessoas que sendo negociantes compram os seus produtos nesses estabelecimentos, sem descurar outros cidadãos moçambicanos e não só cujos produtos alimentares e não-alimentares  compram nos referidos postos de venda.

De referir que este encontro acontece numa altura em que o Comité Central do partido Frelimo que detém o poder político no país, está reunido na Matola com as atenções viradas ao 10o Congresso daquela força política em Setembro próximo. A este propósito a Comunidade assegurou que não vai dar nenhum e qualquer tipo de apoio que o Governo ou a Frelimo for a solicitar relativamente a ao congresso, no caso concreto.

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