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Mais de sete mil mulheres violentadas no país este ano

A coordenadora do Programa Nacional de Prevenção e Combate à Violência Contra a Mulher, Elisa Mutisse, mostra-se apreensiva face ao recrudescimento da violência contra esta camada social, perpetrada pela própria família. Segundo ela, só na província de Nampula, 1.796 mulheres, crianças e idosas foram violentadas de diferentes maneiras, inclusive sexualmente, de Janeiro a Setembro deste ano.

Elisa Mutisse refere que no mesmo período, a violência sexual, económica, física, psicológica, entre outros tipos, afectou a mais de sete mil mulheres em todo o país. Caso a sociedade não encontre formas de estancar este fenómeno mergulhar-se-á numa crise moral.

De acordo com a coordenadora, a violência contra este grupo é relatada nos meios rural e urbano, mas neste último as denúncias têm vindo a aumentar devido às possibilidades de acesso aos meios de comunicação em relação aos residentes do campo. A situação é ainda inquietante porque afecta os outros membros da família considerados vulneráveis, como é o caso das crianças e dos idosos.

A preocupação é também manifestada em relação aos pais que se envolvem em relações sexuais com as suas próprias filhas, acto que vitima até menores de idade e deixa-lhes vulneráveis à contaminação por doenças de transmissão sexual.

Para inverter este quadro foi estabelecido o Mecanismo Multissectorial da Atendimento Integrado à Mulher Vitima de Violência, cujo objectivo é melhorar o acesso aos serviços de atendimento às mulheres vítimas deste mal social, operacionalizar a política de género e estratégia da sua implementação, entre outros.

Elisa Mutisse considera que há toda uma necessidade de se continuar a promover um trabalho árduo, harmonizado e multissectorial na luta contra a violência. Todos os estratos da sociedade devem se envolver, incluindo a comunicação social através da divulgação de acções levadas a cabo nesta área.

Há que articular e padronizar os procedimentos de atendimento às vítimas: por exemplo que procura os serviços de saúde necessitará, com certeza, de um procedimento jurídico, assistência social. Entretanto, à sociedade cabe a tarefa de reflectir sobre o rumo que o país está e pode tomar com este tipo de actos repudiáveis.

Para o caso das violações sexuais, Elisa Mutisse, os mentores destes actos são, às vezes, os próprios pais e outros membros da família, e alegam para tal questões culturais e obscurantistas. “Estamos a reunir com os praticantes das medicinas tradicional e moderna para associarmos esforços de modo a desencorajar esta prática”.

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