A maioria das crianças latino-americanas sofre diariamente de maus-tratos físicos ou psicológicos, pois os adultos consideram normal esta prática de educação e sociabilização, segundo um relatório divulgado esta segunda-feira pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) e Unicef (Fundo da Nações Unidas para a Infância).
“Os maus-tratos infantis são uma realidade em massa, cotidiana e subdeclarada entre a população latino-americana e caribenha”, destacou o documento desenvolvido em conjunto pela Cepal e o Unicef. Os maus-tratos na região “encarna em modalidades diversas, incluindo agressões físicas e psicológicas, violação e abuso sexual, e se dá dentro de casa, no bairro, na escola e no trabalho”, segundo o texto.
“O estudo tem como base pesquisas realizadas em 16 países da região, mas devido à falta de uma metodologia homologada para medir as diferentes formas de abuso não é possível falar em dados comparáveis entre distintos países”, advertiu um relatório divulgado em Santiago, sede da Cepal, órgão dependente das Nações Unidas.
Foi possível determinar, no entanto, que altos percentuais de adultos -em alguns casos superiores a 80%- consideram natural recorrer aos maus-tratos infantis, inclusive o castigo corporal, para impor disciplina”. Por exemplo, na Colômbia, 42% das mulheres informaram, em 2005, que seus parceiros ou esposos castigavam seus filhos e filhas com tapas.
No Uruguai, 82% dos adultos entrevistados, em 2008, pelo Ministério do Desenvolvimento Social, confessaram alguma forma de violência psicológica ou física contra uma criança em casa. O texto advertiu ainda que a região não desenvolveu nenhuma resposta eficaz contra os maus-tratos infantis e uma das maiores dificuldades é a falta de informação sobre sua real dimensão e características.