Dos oito autocarros alocados em 2008, pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, a cidade de Nampula, até Março do presente ano a empresa já não tinha nenhum veículo a funcionar, além de pagamento de salários aos seus trabalhadores. Devido à má gestão da direcção da empresa dos Transportes Urbanos da cidade de Nampula, está na eminência o encerramento daquela empresa.
A falta de pagamento de salários aos seus trabalhadores e a paralisação dos autocarros devido à constantes avarias, endividamento e momentos turbulentos que aquela transportadora está a passar são as principais causas que precipitam a falência da instituição.
De acordo com a Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações de Nampula, brevemente a empresa poderá fechar as portas por não possuir sequer fundo que possa sustentar o grupo de trabalhadores, além disso, a mesma tem dívidas avultadas com instituições e diferentes oficinas da cidade de Nampula, avaliadas em pouco mais de cinco milhões de meticais.
Outros dados indicam ainda que a empresa não tem vindo a pagar os seus trabalhadores a nove mês, além da paralisação dos seus oito autocarros que a empresa adquiriu em 2008, junto do Ministério dos Transportes. A directora dos Transportes e Comunicações de Nampula, Ana Simões, disse que a sua direcção tomou conhecimento da não inoperância e falta de pagamentos dos trabalhadores e endividamento da mesma graças a uma carta denúncia vinda daquela empresa feita pelos trabalhadores que pretendiam realizar uma greve.
Depois da carta, Ana Simões disse ter accionado mecanismos no sentido de se inteirar de todos os problemas, tendo criado uma comissão multissectorial envolvendo funcionários das direcções provinciais dos Transportes e Comunicações, Finanças e do Trabalho, onde esta comissão detectou má gestão por parte da direcção da empresa.
Segundo a directora dos transportes e Comunicações de Nampula, neste momento está a fazer-se o levantamento das despesas, movimentos bancários, valores colectados pelas frotas das viaturas entre outros actividades realizadas pela direcção durante os três anos que a empresa funcionou com os autocarros adquiridos pelo MTC. “Não se justifica que em três anos uma empresa que recebeu oito viaturas em 2008, estejam estragadas todas, e mais, tenha dívidas avultadas com terceiros e oficinas até mesmo com trabalhadores da empresa”, disse Ana Simões.
A nossa entrevistada chegou ao ponto de suspeitar que haja indícios de desvio de fundos da empresa por parte da direcção, apesar de, neste momento, depois do inventário poder-se criar uma outra equipa envolvendo a justiça, a inspecção das Finanças que se vai dedicar criminalização dos culpados da situação que for encontrada pela equipa.
Num outro ponto, a nossa fonte referiu que se está a estudar mecanismos junto do ministério sobre o pagamento dos salários dos trabalhadores, entre estes últimos dias do ano e ou mesmo entre o primeiro semestre do próximo. “Queremos que os direitos dos trabalhadores sejam resolvidos, daí que o processo está a andar para o efeito, ainda que a empresa não tem há fundos para colmatar a situação”
Mesmo antes da resolução do endividamento que a empresa tem com os trabalhadores estuda-se a possibilidade de despedi-los para permitir que o Governo tenha uma saída para o pagamento dos salários da massa laboral. Sobre qual era o plano do sistema dos Transporte Públicos Urbanos, a nossa fonte afirmou que já há um documento que orienta aos municípios criarem as suas próprias empresas, para a exploração daqueles serviços, onde neste momento as cidades de Maputo, Matola, Beira e Nacala-Porto, já estão na dianteira.
Greve dos Trabalhadores preparada
A nossa reportagem contactou um grupo de trabalhadores que tem estado amotinado todos os dias na sede da Empresa Transportes Públicos Urbano de Nampula, para perceber qual era o seu sentimento com a paralisação da mesma e dos oito meses sem salário, além de serem demitidos nos próximos tempos que se avizinham. Em uníssono, falaram que só poderão ser expulsos da empresa depois de serem pago os seus ordenados e uma indemnização do tempo de trabalho.
“Olha se nós estamos assim hoje a Direcção Provincial dos Transportes e Comunicações, a Inspecção do Trabalho, o gabinete do governador já sabiam da situação em que se encontrava a nossa empresa desde o mês de Maio, porque já tínhamos enviado um carta sobre as irregularidades e um eminente desvio de fundos, mas eles todos não nos ouviram, e porque hoje que a empresa morreu definitivamente querem nos expulsar, expulsem o conselho de direcção porque são eles os culpados e não nós os trabalhadores”, desabafaram os trabalhadores que se sentem injustiçados.
Os nossos entrevistados, que preferiram falar na condição de anonimato, chegaram de afirmar que nos próximos tempos vão enviar cartas em várias instituições a informar da greve que esperam realizar em repúdio da falta de salário e a provável expulsão de todos da empresa.