O funeral público de Michael Jackson deixou as autoridades de Los Angeles numa situação delicada pelos gastos que a homenagem vai custar aos contribuintes, que, por mais fãs que sejam do ídolo falecido, não estão muito satisfeitos em arcar com a fatura.
A prefeitura de Los Angeles, sob comando de Antonio Villaraigosa, de origem mexicana, garante que os funerais custaram 1,4 milhão de dólares, mas um vereador local, Dennis Zine afirma que, para evitar polêmicas, a cifra divulgada é irreal e que a fatura verdadeira deve ser de uns 4 milhões de dólares. Zine denunciou, inclusive, as horas extras pagas aos policiais durante a homenagem de terça-feira no Staples Center, onde não apenas ajudaram a controlar a multidão, como também transportaram o caixão em uma caminhonete de uma unidade especial da SWAT.
Essa é uma questão séria na principal cidade da Califórnia, um estado a ponto de falência fiscal. “O povo de Los Angeles ou da Califórnia não tem que pagar por isso”, comentou um leitor indignado no jornal Los Angeles Times, onde a condução dos fundos públicos para o funeral de Jackson gerou durante toda a semana a reação do público.
Como Zine, vários cidadãos de Los Angeles disseram que a homenagem ao ídolo, que criou a necessidade de utilizar 3.200 policiais nas ruas e todo um trabalho logístico, deveria ser bancada pela família Jackson, os artistas que atuaram e os reverendo que falaram durante o evento. Mas a grande maioria acha que quem deveria arcar com as despesas são os promotores de espetáculos da AEG, organizadores do show póstumo e também dos concertos que Jackson ia realizar em Londres a partir desta segunda-feira. “Os donos da AEG são promotores de concertos.
São eles que organizaram este serviço fúnebre e, para mim, não existe outra possibilidade a não ser eles quem devem arcar com os gastos”, sentenciou Zine. O porta-voz da prefeitura, Matt Szabo, explicou que os gastos ainda estão sendo analisados, principalmente em termos da segurança que deveria ser garantida à população. Zine alerta que, em Los Angeles, nos últimos meses tem havido cortes drásticos de profissionais da educação e do sistema de saúde, mas que, para o funeral de Jackson, foram feitos gastos no departamento de bombeiros e serviços públicos como a instalação de banheiros portáteis junto ao Staples Center.
Já a vereadora Janice Hahn, que também pediu à prefeitura uma explicação detalhada dos gastos, se mostra confiante que o resultado será positivo, ou seja, a cidade ganhou mais dinheiro do que perdeu. Segundo Hahn, que citou o site especializado em turismo Travelocity.com, entre segunda e quarta-feira passadas as reservas de passagens e de hotéis duplicaram em relação ao mesmo período de 2008. Os voos Londres-Los Angeles se esgotaram na companhia Virgin America.
“Não víamos esse movimento turístico em Los Angeles há muito tempo e sabemos que cada voo doméstico ou internacional que chegou ao LAX (o aeroporto da cidade) deve ter gerado uns quatro milhões de dólares”, insistiu. “Vamos continuar vendo um salto no turismo. As pessoas querem vir ao Boulevard de Hollywood, querem ver a estrela de Michael Jackson, comprar flores das floriculturas para colocá-las em sua estrela, querem fazer city tours e visitar sua casa em Holmby Hills” (onde Jackson faleceu em 25 de junho), justificou.
No dia da homenagem, a cidade de Los Angeles pediu aos fãs de Jackson que fizessem doações para cobrir os custos extraordinários, mas, segundo informes da prefeitura, até sexta feita apenas 35.000 dólares foram arrecadados.