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Lorde inglês descobriu Cannes graças a uma epidemia de cólera

Cannes não teria a notoriedade que possui se as férias de um lorde inglês não tivessem sido frustradas por uma epidemia de cólera na primeira metade do século XIX. Em 1834, Lord Harry Brougham and Vaux, ex-chanceler da Inglaterra, pretendia passar o inverno na Itália, como era moda na época, para tratar sua filha Eleonore, provavelmente enferma de tuberculose.

Porém, eles foram proibidos de cruzar a fronteira entre a Provença francesa e a Riviera italiana, marcada na época pelo rio Var. Na ocasião foi declarada uma epidemia de cólera na região, o que provocou um bloqueio sanitário em toda a zona. “Descontente, Lord Brougham deu meia volta e parou na única hospedaria de Cannes, que na época tinha apenas entre 3.000 e 4.000 habitantes, essencialmente pescadores”, conta Vouland, vice-prefeito de Cannes e um estudioso da história.

Le Relais de la Poste, a hospedaria em questão, e seu dono, chamado Pinchinat (que já havia recebido o Papa Pio VII quando este seguia para Paris em 1804 para coroar Napoleão), marcou o destino do lorde inglês e do vilarejo francês. A lenda local garante que a “bouillabaisse”, a sopa de pescado típica da região, servida pela estalagem, foi o que convenceu o aristocrata a permanecer em Cannes.

Em agosto de 1835, a primeira pedra da suntuosa mansão Villa Eleonore foi colocada entre pinheiros e hortas, no caminho de Frejus. Assim nasceu o ‘bairro dos ingleses’. “Ex-ministro da rainha, Brougham atraiu toda a aristocracia. Ele inventou a Cannes moderna”, afirma Vouland com entusiasmo.

Os ingleses viajaram em massa, assim como os russos, graças a uma história tão curiosa como a da epidemia de cólera. O cônsul da França em Moscou, Eugène Tripet, e sua esposa, a abastada Alexandra Feodorovna Skypitzine, também tiveram que fazer uma parada forçada em Cannes durante uma viagem para a Itália em 1848.

Toda a corte do czar foi atraída rapidamente pelo sol do Mediterrâneo. O desfile de aristocratas também provocou as viagens de muitos artistas e escritores. Um deles, Stephen Liégeard, encerrou em Cannes um livro ilustrado ao fim de uma caminhada pela Riviera. A obra não entrou para a posteridade, mas seu título sim: “A costa azul”.

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