O Ferroviário de Maputo conquistou o título de campeão nacional de basquetebol sénior feminino ao derrotar, no domingo (28), o Costa do Sol pela marca de 57 a 51. Com este triunfo, as locomotivas venceram, pelo segundo ano consecutivo, o campeonato da Liga Nacional de Basquetebol sénior feminino. A equipa da A Politécnica terminou a prova na terceira posição
Foi um verdadeiro espectáculo da modalidade da bola ao cesto, diga-se em abono da verdade, que não se via há muito tempo. Os poucos adeptos que se fizeram à catedral do basquetebol moçambicano, o Pavilhão do Maxaquene, vibraram com a actuação das duas formações.
Num confronto em que estava em disputa mais do que a conquista de um troféu, o reinado do basquetebol em Moçambique no que toca aos femininos, as jogadoras do Ferroviário de Maputo entraram dominantes e precisaram apenas de 34 segundos para estarem à frente do marcador, beneficiando da tremenda dificuldade do seu rival de furar a muralha defensiva montada por Leonel Manhique.
No primeiro período, o destaque foi para o aceso duelo entre Odélia Mafanela e Deolinda Gimo, curiosamente colegas na selecção nacional, as Samurais, com a poste locomotiva a levar sempre a melhor sobre a sua rival.
A etapa inicial terminou com o resultado de 11 a 6 a maior para o Ferroviário de Maputo. Odélia Mafanela, com seis pontos convertidos, foi a melhor unidade das campeãs nacionais, enquanto Ilda Chambe, que converteu três, a atleta que mais produziu na equipa de Deolinda Ngulela.
Na segunda fase da primeira parte, mesmo notando a supremacia do seu oponente, sobretudo no capítulo defensivo, a treinadora do Costa do Sol pedia às suas jogadoras, ao mesmo tempo companheiras, mais ousadia nas penetrações em vez das jogadas exteriores.
Por sua vez, o Ferroviário de Maputo exercia uma forte pressão em baixo das tabelas o que, de certa forma, prejudicava sobremaneira as atletas canarinhas que não tinham espaços para elaborar os lances.
Nos últimos cinco minutos desta etapa, graças às jogadas exteriores, as canarinhas conseguiram fugir da teia defensiva montada pelo seu rival. A formação comandada por Deolinda Ngulela, neste período, converteu 17 pontos contra 13 das locomotivas.
No que às atletas singulares diz respeito, Ornélia Motumbene, com cinco pontos, destacou-se do lado da equipa de Leonel Manhique, enquanto Deolinda Gimo, que apontou quatro pontos, foi protagonista nas hostes canarinhas.
No final dos dois primeiros períodos, as duas equipas estavam separadas por um ponto no marcador, ou seja, o conjunto locomotiva vencia pelo resultado de 24 a 23.
Ruth Muianga a “maquinista” do bicampeonato
No reatamento do confronto, ou seja, no terceiro período, primeiro da segunda parte, o Ferroviário de Maputo teve, pela frente, um transfigurado Costa do Sol que vinha com a clara intenção de mudar o rumo dos acontecimentos.
Nesta etapa, as canarinhas optaram pela circulação rápida da bola, o que complicou a tarefa defensiva do conjunto de Ingvild Macauro e companhia. Apesar de um aparente crescimento do rival das locomotivas, a partida estava equilibrada e era disputada numa toada de ataque e resposta: a equipa que atacava era perigosamente correspondida.
Leonel Manhique perdeu por um instante a aguerrida Odélia Mafanela, devido a uma pequena mazela na coxa esquerda; por isso, foi obrigado a lançar a experiente Ruth Muianga.
Com a entrada da Ruth, o Ferroviário já tinha dois treinadores, ou seja, Manhique orientava junto do banco de suplentes e a extremo era a maquinista da locomotiva dentro da quadra.
Em comparação com o segundo, o terceiro período foi pobre em termos de produção, visto que as duas formações converteram apenas 23. As canarinhas marcaram 12, mais um que as locomotivas e o terceiro quarto do jogo terminou com uma igualdade de 35 pontos.
No quarto e derradeiro período, a partida tornou-se imprópria para cardíacos, uma vez que os dois conjuntos tudo fizeram para saírem da quadra com a vitória e a consequente conquista do título.
O Ferroviário de Maputo voltou a fazer uma forte pressão em baixo do garrafão e, apercebendo-se da estratégia do seu adversário, Deolinda Ngulela mandou as suas jogadoras potenciar as jogadas exteriores. Debalde, pois as suas atletas não estavam com a pontaria afinada.
Quando faltavam seis minutos e 13 segundos para o final da última etapa, o confronto estava empatado a 41 pontos. Nos últimos instantes da partida, as locomotivas, bem comandadas por Ruth Muianga, voltaram a crescer no jogo.
Na segunda metade do quarto período, o conjunto de Leonel Manhique marcou 16 pontos contra do 10 do Costa do Sol e venceu no final pela marca de 57 a 51 conquistando, desta forma, o troféu mais cobiçado do basquetebol sénior feminino do país pela segunda vez consecutiva.
Deolinda Gimo apontou, ao longo do jogo, 15 pontos e foi a melhor marcadora da final, enquanto Odélia Mafanela, com 11 ressaltos, destacou-se no duelo das ressaltadoras.
Locomotivas dominam, também, nos prémios individuais
No que aos prémios individuais diz respeito, o Ferroviário de Maputo voltou a levar a melhor sobre os seus adversários, visto que duas jogadoras locomotivas ganharam prémios de melhor ressaltadora e melhor atleta da competição.
Ornélia Mutombene, base-armadora da equipa de Leonel Manhique, foi eleia a jogadora mais valiosa da competição, enquanto Odélia Mafanela, pelo terceiro ano consecutivo, ganhou o galardão de jogadora com mais ressaltos conseguidos na competição. Por seu turno, Deolinda Gimo foi considerada a melhor cestinha da competição.
Refira-se que a formação da A Politécnica terminou a prova na terceira posição depois de derrotar o Ferroviário da Beira pelo resultado de 53 a 54, na partida de atribuição dos terceiro e quarto lugares.