A Autoridade Palestina, apoiada pelo Ocidente, voltará atrás nos recentes aumentos de impostos, disse o primeiro-ministro Salam Fayyad, esta Terça-feira (11), numa virada política que visa acabar com protestos espalhados pela Cisjordânia.
Os protestos estão a ser vistos com crescente preocupação por parte de Israel, que teme que a frustração contra a liderança palestina poderia evoluir para uma terceira revolta generalizada contra a ocupação israelita da Cisjordânia.Milhares de jovens atacaram uma delegacia de polícia na cidade de Hebron, na noite da Segunda-feira, pedindo a saída de Fayyad, que está a lutar para manter as finanças à tona em face de uma redução da ajuda de doadores estrangeiros e contínuas restrições comerciais israelitas.
Enfatizando os problemas dele, os funcionários públicos, muitos dos quais irão receber apenas parte dos seus salários de Agosto por causa de uma crise de caixa do governo, fizeram uma greve, esta Terça-feira (11), e centenas deles realizaram piquetes na reunião de gabinete do governo.
“Estamos a fazer o melhor que podemos, e temos feito o tempo todo”, disse Fayyad depois de anunciar que o seu governo iria eliminar boa parte do aumento planeado em impostos sobre combustível e diesel anunciados semana passada, que totalizaram um aumento de cerca de cinco pontos percentuais.
“Espero que o cidadão palestino possa olhar para esta situação, à luz das dificuldades incomparáveis que enfrentamos, e vai achar que é suficiente. Isso representa o esforço máximo e mais intenso para chegar a uma solução”, acrescentou ele.
Fayyad disse que o deficit criado pelo corte de impostos seria resolvido pela redução de salários de alto escalão do governo e diminuição das operações de alguns ministérios, mas que apenas a ajuda dos doadores poderia pagar as contas no curto prazo, enquanto aguarda-se uma maior independência económica para os palestinos.
Sem dinheiro e dependente de acordos económicos que atrelam o seu imposto sobre vendas a elevadas taxas de Israel, a Autoridade Palestina está a lutar para salvar a sua legitimidade aos olhos do público, e as autoridades culparam Israel por seus problemas económicos.
“Há limites claros para o que a Autoridade Palestina pode conquistar economicamente, dado o contexto de restrições israelitas que experimenta”, disse Fayyad.
O chefe do sindicato do transporte público palestino prontamente rejeitou o movimento e prometeu mais acção de rua, dizendo que os preços dos combustíveis, mesmo antes da recente subida, estavam além das suas possibilidades.
“Estas decisões são insatisfatórias, e vamos continuar os nossos protestos”, disse Jawad Omran à Reuters. A maioria dos palestinos resguarda a sua indignação de Israel, que ocupa a Cisjordânia há 45 anos, e até mesmo alguns dos manifestantes foram surpreendidos pela intensidade da violência da Segunda-feira, onde mais de 50 pessoas foram feridas.
O movimento islâmico Hamas, que mantém controle da isolada Faixa de Gaza e é ferozmente contra o presidente Mahmoud Abbas, tem seguidores firmes em Hebrom.