O chefe de milícias congolês Germain Katanga recebeu uma sentença de 12 anos de prisão nesta sexta-feira pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por sua participação em um massacre por motivos étnicos há mais de uma década.
O ataque aconteceu quando os habitantes de etnia hema na aldeia de Bogoro no nordeste do Congo ainda estavam a dormir. Cerca de 200 pessoas foram mortas depois que os combatentes Ngiti, de Katanga, cercaram a vila de todos os lados, deixando as vítimas sem escapatória.
“Os agressores os cortaram com facões e facas enquanto eles tentavam fugir”, disse o juiz Bruno Cotte. Katanga, que tinha apenas 24 anos na época do ataque, foi condenado em março de ser um cúmplice de crimes de guerra, incluindo assassinato e pilhagem.
O ataque em fevereiro de 2003 fez parte de uma série de conflitos no início dos anos 2000 na província de Ituri, rica em minerais, quando grupos armados – alguns deles com relações com países vizinhos – disputavam o controle de recursos naturais valiosos.
A condenação de Katanga é apenas a segunda do TPI em 11 anos desde que foi criado com a missão para trazer os autores dos piores crimes internacionais à Justiça. Todos os três de seus casos concluídos, incluindo uma absolvição, estão relacionados aos conflitos de Ituri, levando analistas a questionar se o tribunal realmente funciona como um órgão de dissuasão.
Mesmo que a guerra em Ituri tenha terminado oficialmente em 2003, a violência continua a deslocar dezenas de milhares de pessoas por todo o Congo, sem que os líderes das milícias se sintam intimidados pelas ameaças de processo por parte as autoridades, sejam locais ou internacionais. Conflitos ainda são intensos no nordeste e em outras partes do país.