As autoridades do Uganda bloquearam esta manhã a entrada no país do líder da oposição Kizza Besigye, o qual foi impedido mesmo de embarcar num avião no Quénia com destino a casa – na véspera da tomada de posse do seu rival e vencedor das eleições presidenciais, Yoweri Museveni.
Besigye foi barrado de embarcar no voo das linhas aéreas quenianas depois de “as autoridades ugandesas terem informado [a companhia aérea] que se ele estivesse a bordo não dariam autorização para aterrar”, declarou porta-voz do Fórum para a Mudança Democrática (a coligação de oposição no Uganda), Anne Mugisha, citada pelas agências noticiosas.
O líder da oposição estava desde há duas semanas em Nairobi, onde se deslocou para receber tratamento médico após ter sido detido e violentamente espancado no Uganda. Besigye – que liderou os protestos no Uganda contra o aumento dos preços dos alimentos e combustível – foi detido pelo menos quatro vezes durante Abril, tendo sido baleado numa mão aquando da primeira detenção e sofreu ferimentos nos olhos devido a gás lacrimogéneo lançado pelas autoridades, já em finais do mês passado, em mais uma das marchas de protesto que liderou.
Antigo aliado e médico pessoal de Museveni (no poder desde 1986), Besigye denuncia a terceira vitória eleitoral consecutiva do Presidente como fraudulenta e desde a campanha que apela a um derrube do regime. Pelo menos nove pessoas terão sido mortas na repressão dos protestos ao longo do último mês no Uganda, segundo estimativas da Human Rights Watch.
O ministro do Interior ugandês, Kirunda Kivejinja, rebateu a acusação do partido de Besigye, argumentando que o Governo do Uganda “não tem qualquer autoridade sobre quem embarca ou não nos voos da Kenya Airways”. “Se permitimos que partisse como é que o íamos impedir de voltar?”, questionou, em conferência de imprensa em Kampala.