Os três operadores humanitários da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) sequestrados em Darfur, uma região do oeste do Sudão desgarrada pela guerra, foram libertados, anunciou nesta sexta-feira a chancelaria italiana.
Entre os libertados está o médico italiano Mauro D’Ascanio, que já trabalhou na América Latina, em particular no Brasil e na América Central. Os três, – um gestor francês, e uma enfermeira canadiano, junto com o médio, haviam sido capturados de terça para quarta-feira em Saraf Umra, no setor de Kabkabiya, limite entre Darfur Norte e Darfur Sul. “
Não foi pago resgate por eles”, anunciaram fontes italianas da MSF. Os três sequestrados pertenciam à seção belga da Médicos sem Fronteiras. A seções francesa e holandesa da MSF foram expulsas de Darfur semana passada pelas autoridades sudanesas, depois que a Corte Penal Internacional (CPI) emitiu uma ordem de prisão contra o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por crimes de guerra e contra a humanidade.
“A MSF está a retirar suas equipas de Darfur”, afirmou o diretor-geral da seção belga da ONG, Christopher Stokes. “Um grupo de homens armados entrou na quarta-feira às 20H00 no escritório da MSF-Bélgica em Saraf Umra”, declarou à AFP Kamal Saiki, porta-voz da força de manutenção de paz ONU-União Africana em Darfur (MINUAD), ao falar sobre o sequestro e a localidade que fica 200 km ao oeste de El-Facher, a capital de Darfur Norte.
“Esta é a primeira vez, segundo meus conhecimentos, que empregados de organizações humanitárias internacionais são sequestrados em Darfur”, completou. A guerra civil em Darfur provocou 300.000 mortes desde 2003, segundo a ONU, mas apenas 10.000, na contagem do governo de Cartum, além de 2,7 milhões de deslocados.
Ali Yusef, diretor de protocolo no ministério das Relações Exteriores, havia dito que os sequestradores eram “bandidos” comuns, enquanto diferentes fontes acusavam as milícias árabes locais do setor de Kabkabiya. Um dos principais grupos rebeldes de Darfur, o Movimento para a Justiça e a Igualdade (JEM), acusou os homens de Musa Hilal, chefe de uma milícia árabe tradicionalmente aliada do governo de Cartum, de responsabilidade pelo sequestro e de ter transportado os reféns a 50 km a nordeste de Saraf Umra, a uma aldeia chamada Gelli.
O fato aconteceu no momento em que foram expulsas 13 das mais importantes ONGs ativas em Darfur, afetando mais de um milhão de pessoas que recebiam ajuda diretamente, segundo a ONU.