A Libéria irá fechar escolas e está a cogitar quarentenas em algumas comunidades, informou o país nesta quarta-feira, anunciando as medidas mais rígidas já impostas por um governo do oeste africano para deter o pior surto de ébola da história.
As forças de segurança liberianas foram ordenadas a aplicar as medidas, parte de um plano de ação que inclui uma licença compulsória de 30 dias a todos os servidores governamentais não essenciais.
O ébola causou 672 mortes na Libéria, na vizinha Guiné e em Serra Leoa, de acordo com cifras da Organização Mundial de Saúde (OMS), já que os mal financiados sistemas de saúde pública têm sofrido para lidar com a epidemia.
A Libéria representa menos de um quinto do total de mortes. “Esta é uma grande emergência de saúde pública. É feroz, mortífera e muitos de nossos compatriotas estão morrendo, precisamos agir para deter a disseminação”, disse Lewis Brown, ministro da Informação liberiano, à Reuters. “Precisamos do apoio da comunidade internacional agora mais do que nunca. Precisamos desesperadamente de toda ajuda que pudermos obter.”
A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, afirmou em discurso publicado no site da presidência que o governo está a cogitar colocar várias comunidades em quarentena baseado na recomendação do Ministério da Saúde. “Quando estas medidas forem instituídas, só funcionários da saúde pública terão permissão de entrar e sair destas áreas. Alimentos e suprimentos médicos serão fornecidos a estas comunidades e a indivíduos afetados”, afirmou ela. Todos os mercados em áreas fronteiriças serão fechados, acrescentou.
Referindo-se às ordens emitidas para as forças de segurança, o ministro Brown afirmou: “Esperamos contar com a compreensão e que não haverá a necessidade do uso de força excepcional”. Mike Noyes, chefe de reação humanitária da agência Action Aid da Grã-Bretanha, disse que as pessoas afetadas pelo ébola devem ser tratadas com compaixão, ao invés de serem “criminalizadas”.
“O isolamento forçado de uma comunidade inteira é uma abordagem medieval para o controle da disseminação da doença”, declarou.
Os primeiros casos da epidemia foram confirmados no extremo sudeste da Guiné em março e se espalharam na capital, Conacri, e nas vizinhas Libéria e Serra Leoa. As preocupações aumentaram na semana passada, quando um liberiano-norte-americano morreu vítima de ébola na Nigéria depois de passar pela Libéria.
Autoridades nigerianas, assim como as de Gana e Togo, por onde ele passou rumo a Lagos, estão a tentar contactar os passageiros que estavam no mesmo voo.
Algumas companhias aéreas interromperam os voos para países afetados pelo ebola, apesar de a OMS não recomendar restrições de viagens como medida para controlar epidemias.
Nesta quarta-feira, a Grã-Bretanha fez uma reunião com o alto escalão do governo para discutir a propagação do ébola no oeste da África, dizendo que a epidemia é uma ameaça que precisa ser enfrentada.
Na segunda-feira uma autoridade dos Estados Unidos afirmou que o presidente Barack Obama também está monitorando a situação.