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“Gestão de Indústrias Culturais” em Moçambique num manual

Foi lançado na passada segunda-feira (01), no Ministério da Cultura, em Maputo, o novo manual que visa gerir com mais eficácia o sector cultural no país. Intitulado “Gestão de Indústrias Culturais – O que é? Como fazer?”, pretende-se com o livro melhorar as aptidões dos agentes culturais nacionais no que concerne a gestão institucional, possibilitando que os benificiários tenham conhecimentos profundos sobre a sua área de trabalho. Com 79 páginas, a obra é da autoria de Emanuel Dionísio e Matilde Muocha.

O manual está dividido em duas partes, sendo que na primeira, Dionísio e Muocha versam sobre um conjunto de conceitos que explicam a existência das indústrias culturais. No entanto, para sustentar as suas ideias, os autores citam Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, percursores da ideia que se notabilizaram ao longo da década 30.

Estes pensadores, de acordo com a dupla, tinham a noção de que os bens culturais inseriam-se numa lógica de produção industrial, de tal forma que as mercadorias devem ser iguais as outras, com uma produção em série, padronizada e com divisão de trabalho.

Em Moçambique, este fenómeno parece novo, pois, a Indústria Cultural é deficiente comparando com a da Europa que a partir da década 30, apesar de se tratar de mercadorias, já se notava uma valorização das artes que na vertente moçambicana, se subscreve ao resgate da identidade e autoestima, bem como na preservação e valorização das tradições culturais.

A segunda parte, trata de outros elementos interligados à gestão das indústrias culturais, tendo em conta a emergência global da nova economia criativa que gera milhões de empregos no turismo cultural, na música, no cinema, no teatro, na dança, na gastronomia, no desfile de moda e no artesanato.

Estes aspectos culturais, colocam o desafio de aplicação de conhecimentos e experiências sobre o papel crucial que as indústrias criativas assumem na contribuição económica directa dos operadores ligados aos sectores da actividade cultural.

Segundo Anne Renier, representante do embaixador da União Europeia em Moçambique, o Governo moçambicano tem estado a ampliar iniciativas diversas e a adoptar políticas e estratégias que induzam a promoção e o progresso das Indústrias Culturais e Criativas, como base fundamental para o desenvolvimento sustentável do país.

Aspecto negativo a notar neste manual é o facto de privilegiar produtos culturais feitos em Maputo, capital de Moçambique, excluindo, desta feita, a criatividade de outros fazedores de cultura do país.

Quanto a isso, os autores argumentam que se deve ao facto de a urbe ser o centro das atenções do mundo e com grande poderio financeiro. De qualquer modo, a dita Gestão das Indústrias Culturais em Moçambique, ainda, é uma miragem.

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