O guia líbio, Muamar Kadafi, apresentou, diante da Segunda Cimeira Afro-Árabe de Sirtes, as desculpas dos Árabes pelo tráfico de escravos no qual alguns estavam implicados, soube a PANA de fonte oficial. O líder líbio evocou com grande franqueza, domingo em Sirtes, este espinhoso dossiê das relações árabo-africanas, sob os aplausos dos chefes de Estado e de Governo dos países que participam na Cimeira.
Denunciou energicamente esta prática que alguns Árabes, em particular, “os ricos” executaram contra Africanos, apresentando as desculpas de todos os Árabes. Lembrou, nesse sentido, que os ricos árabes compraram, no passado, crianças africanas que depois eram enviadas para a África do Norte, a Arábia, e a outras regiões árabes para as submeter à escravidão ou para as vender. Acusou estes Árabes de terem praticado de maneira escandalosa o tráfico de escravos e o tráfico de pessoas, que suscitam nos nossos dias o incómodo dos Árabes diante dos Africanos.
“Estamos hoje preocupados e chocados por estas práticas escandalosas dos ricos Árabes que olharam os seus irmãos africanos com desdém e condescendência”, frisou, indicando que este comportamento era similar ao do Ocidente, da América à Europa, que transportaram os Africanos como animais depois de capturados, tratados como escravos, para depois os colonizar e continuar a explorá-los até aos nossos dias.
“Deveremos hoje reconhecer esta questão, denunciá-la vigorosamente e colocá-la na sua verdadeira dimensão”, disse Kadafi, lembrando que alguns intelectuais e escritores africanos evocaram-na antes e recentemente. “Enquanto nós, Africanos, esquecermos ou desculparmos o Ocidente de nos ter reduzido a uma escravidão de grande envergadura, reprimidos, massacrados, e de ter pilhado os nossos recursos em benefício do bem-estar dos seus povos, em detrimento dos nossos sofrimento, é totalmente lógica livrar os nossos corações dos rancores nascidos destas práticas dos ricos árabes, antes traficantes de seres humanos”, afirmou.
O guia Kadafi, que evoca publicamente e pela primeira vez numa tribuna duma Cimeira Afro-Árabe este espinhoso dossiê, baseia este dever de indulgência na desculpa que “concedemos aos Europeus e Americanos com os quais alguns de nós se relacionam hoje, com lealdade, ou mesmo dependência e respeito do branco que nos escravizou no passado”.