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Jovens africanos organizam revolução em Maputo

Jovens africanos organizam revolução em Maputo

O Parlamento Juvenil, no quadro da implementação do seu plano estratégico, vai realizar, de 10 a 14 de Dezembro, na cidade de Maputo, a Conferência Africana da Juventude sobre Democracia e Boa Governação, que contará com a participação de “antigos estadistas africanos” que representam “exemplos de boa governação”.

O evento, em que se farão presentes 200 jovens líderes, oriundos dos mais variados cantos do continente africano visa, por um lado, “reflectir sobre os desafios de divulgação e implementação propostos pela Carta Africana da Juventude e Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação”; por outro, criar um senso de unidade, partilha de agenda e comprometimento entre os jovens líderes africanos no sentido de transformar a juventude (…) num vibrante poder em África.

@Verdade falou, à margem do lançamento da conferência, com Salomão Muchanga, presidente do Parlamento Juvenil, sobre a iniciativa e ficou a saber que, para além da natural presença de jovens, o evento contará com a participação de ex-estadistas. “Cinco ex-Presidentes bons”. Ou seja, “pessoas que hoje são um exemplo por terem largado o poder em benefício da alternância e do fortalecimento da democracia”.

Portanto, “não são estadistas ditadores, mas sim homens que se destacaram pelas suas obras meritórias e, diga-se, liderança realmente clarividente”. Estes dirigentes, resume, “devem ser resgatados, sobretudo agora onde os exemplos dos actuais líderes revelam um apego ao poder doentio”.

JOVENS AFRICANOS EM MAPUTO

Para discutir Democracia e Boa Governação

Paz

Há muito, continua, que é preciso reflectir sobre os 20 anos de paz e em torno das melhores práticas de governação. Para tal, assegura, “nada melhor do que antigos estadistas africanos exemplos de boa governação”.

Quando o Parlamento Juvenil, por exemplo, fala em reflexão sobre os 20 anos de paz não o faz simplesmente em torno do calar das armas, mas da cicatrização das feridas que são um insulto à dignidade de qualquer ser humano.”

A pobreza extrema dos moçambicanos e o silêncio complacente do Governo, em torno da mesma, mostram quão a nossa paz é precária e até que ponto as nossas feridas continuam abertas”, diz.

“O facto de as armas terem calado não significa que vivemos melhor; significa, isso sim, que temos outra perspectiva dos problemas: educação, saúde e habitação”, aponta. Não há, portanto, “espaço para construções engenhosas em volta da paz. Se não há escola em condições, não há paz. Se existem bolsas cíclicas de fome, então aquela população não tem paz”.

Efectivamente, “tivemos sucesso no calar das armas, embora ainda vigorem alguns discursos que nos recordam recorrentemente os 16 anos de guerra civil, mas precisamos de abrir outras frentes e vencer o subdesenvolvimento. Essa devia ser a nossa maior batalha”. Porém, diz, isso só pode ser feito com vontade e investimento na educação.

Um povo que se pretende forte, segundo o nosso interlocutor, deve ter instrução de qualidade, “mas não é isso que acontece no país. Repare que não se trata de uma questão de dinheiro, mas de vontade e de traçar políticas certas”. Muchanga acredita que a falta de carteiras não deriva da ausência de meios, mas do princípio de que “a educação não é uma prioridade”.

Um país com florestas e que é “um grande exportador de madeira em toros só não tem carteiras nas escolas porque pretende baixar o nível de educação e isso é mais cristalino do que água”, exemplifica.

Portanto, a conferência vai reflectir a volta destas temáticas, analisando de forma premente o actual cenário político, social e económico do continente e os desafios da implementação da Carta Africana da Juventude e, no quadro da Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação.

“Até porque educar um povo da melhor forma possível devia constituir uma tarefa de qualquer governante e falhar nesse aspecto é cometer um crime contra o povo e a sua soberania”. Ou seja, “um povo com educação eficaz não precisa de receber comida porque aprendeu a pescar e a produzir as enxadas necessárias para a sua subsistência”.

Estudo sobre a fome em Chigubo

“@Verdade fez uma reportagem em Chigubo e traçou um cenário de fome desolador. Isso é inaceitável, sobretudo quando o discurso das lideranças é de que estamos a fragilizar a pobreza. Aquelas vídeos que acompanham a reportagem do vosso jornal são elucidativos e mostram que a única obra que empreendemos com sucesso é falta de vergonha”, afirma.

“As soluções para resolver o problema crónico de água são várias. Furos de água não são muito caros, represas e outro tipo de medidas de baixo custo para aproveitar as águas da chuva não carecem de rios de dinheiro”.

“O Parlamento Juvenil solidariza-se com aquela população e, por essa razão, vai fazer um estudo de caso sobre Chigubo. O nosso objectivo, com tal trabalho, é mostrar que há soluções que podem ser implementadas e, também, monitorar as políticas públicas”, remata Muchanga.

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