Fernando António Trinta, jovem de 17 anos de idade e aluno da 9ª classe na Escola Secundaria de Nacala Porto está a ser alvo de vários questionamentos por parte da polícia e de alguns membros dos partidos políticos depois de ter sido surpreendido, no bairro de Mathapue, com o dedo indicador direito manchado de tinta indelével.
Filho de António Trinta, presidente da assembleia de voto número 1895, Fernando alega tratar-se de uma simples tintura usada, normalmente, para a cura de feridas, mas não apresenta as razões concretas que o levaram a tomar tal decisão em pleno dia de votação.
A Renamo em Nacala-Porto, na voz do respectivo delegado, Abdul Amisse admite a possibilidade de o jovem ter votado em casa, supostamente, por imposição do pai, mas este escusa-se a tecer qualquer comentário sobre o assunto.
Outra questão que causou muita estranheza a muita gente de Nacala está relacionada com de muitos eleitores terem preferido pintar o dedo esquerdo, depois de exercerem o seu direito cívico, algo que alguns partidos associam a uma manobra eleitoral.
Dentre muitos eleitores que se apresentaram com tinta indelével no indicador esquerdo, figura Eduardo Massunda, que votou na Escola Primária Completa 7 de Abril daquela cidade costeira. Ainda em Nacala, um individuo foi recolhido pelas autoridades policiais por se ter apresentado, numa das Assembleias de voto instaladas na Escola Secundária da cidade alta, com camisete ostentando imagens do partido Frelimo.
Não obstante estes incidentes e os constrangimentos relacionados com a alta de viatuiras para o transporte de equipamento e oradores, os órgaos eleitorais locais consideram que o processo de votação decorreu de forma ordeira. Em declarações à imprensa, Luciano Luis Matlonhana, director do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) disse que todas as 101 mesas abriram às sete horas previstas.
Numa ronda efectuada em algumas assembleias de voto, testemunhamos individuos que se recusavam a formar bichas, o que contribuiu para alguma perturbação da ordem. Tal o caso da assembleia de voto número 1843, instalada na Escola Primária de Triâgulo, em que um oficial da PRM se viu obrigado a permanecer ao longo da manhã à entrada das urnas, munido da sua AKM- 47 para , supostamente, manter a ordem nas bichas.
Porém, a partir das 12 horas, algumas mesas deixaram de ter eleitores,sobretudo dos postos de votação da periferia da cidade, ao contrário de outras, que continuaram apinhadas de gente até ao anoitecer. Os membros das mesas de voto 1516 e 1900, montadas no bairro de Murrupelane, com 94 e 167 eleitores, respectivamente, contam-se entre os que já nada tinham a fazer à tarde.
Com uma população estimada em 207 mil habitantes, a cidade de Nacala conta com mais de 89 mil potenciais eleitores.
