Importantes jornalistas investigativos e membros de organizações de apoio aos media de 20 países nas Américas e na Europa condenaram veementemente os assassinatos de jornalistas e ataques contra a imprensa pelo crime organizado, particularmente no México. Eles exigem que organizações internacionais e governos das Américas assumam a sua responsabilidade de garantir os direitos à vida e à informação que estão presentes nas suas constituições.
A “Declaração de Austin” foi emitida por participantes do 8º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas, realizado nos dias 17 e 18 de Setembro de 2010 na Universidade do Texas em Austin. O encontro anual, que este ano se concentrou na cobertura do narcotráfico e do crime organizado, foi organizado pelo Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas em Austin e pelos programas da América Latina e Media das Fundações Open Society.
O Fórum de Austin começou na sexta-feira (17 de Setembro) com a notícia do assassinato do estagiário de fotografia mexicano Luis Carlos Santiago, de 21 anos, que trabalhava para o jornal El Diario em Ciudad Juárez. O seu colega de trabalho e também estagiário Carlos Manuel Sánchez, de 18 anos, ficou ferido no ataque.
“Desde que começámos esta reunião anual de jornalistas e organizações de jornalistas em Austin, em 2003, esta é a primeira vez que os participantes decidem emitir uma declaração pública no final”, disse o professor Rosental Calmon Alves, director do Centro Knight. “E não é de se estranhar que algo extraordinário assim tenha acontecido, considerando a gravidade da situação que enfrentam os jornalistas no México e noutros países do hemisfério, sobretudo aqueles que cobrem o tráfico de drogas e o crime organizado, que eram os temas do Fórum de Austin este ano”.
“A declaração mostra a indignação internacional diante de tantos ataques aos jornalistas e aos meios de comunicação do México e de outros países. Mostra também a solidariedade que todos os participantes do Fórum de Austin queriam enviar aos jornalistas e às suas famílias, principalmente nas regiões mais afectadas como Ciudad Juárez e outras cidades próximas à fronteira entre o México e os Estados Unidos”, disse Alves.
A “Declaração de Austin” diz o seguinte:
“Renomados jornalistas investigativos da América Latina e do Caribe, reunidos na Universidade do Texas em Austin para o 8º Fórum de Austin sobre Jornalismo nas Américas, organizado pelo Centro Knight, declaram a sua mais forte condenação aos assassinatos de jornalistas e ataques de qualquer tipo contra os media, que estão a ser desencadeados pelo crime organizado no México, e que têm sido cometidos há anos devido à negligência do governo.
Do México ao Cone Sul, o narcotráfico e o crime organizado transformaram-se na principal ameaça contra a sociedade e a vida democrática. Noutros países, como Guatemala, Honduras e Colômbia, os meios de comunicação e os jornalistas trabalham sob fogo.
A liberdade de expressão e o direito dos cidadãos de serem informados estão em sério perigo. Isso foi constatado em todas as apresentações dos participantes do Fórum.
Os participantes do Fórum de Austin, que pertencem a vários meios de comunicação, declaram a sua decisão de agir, denunciando a impunidade com as quais as facções do crime organizado estão a operar, e insistindo que organizações internacionais e governos da região – particularmente do México – reconheçam a urgência do momento e assumam a sua responsabilidade de garantir um mínimo de dois direitos presentes nas suas constituições. Os direitos à vida e à informação devem ser restituídos.
De Austin, enviamos a nossa solidariedade a todos os nossos colegas em perigo.
