A urbanização na cidade de Maputo é um contraste com os critérios previstos pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), segundo o qual uma comunidade urbanizada deve dispor de espaços públicos comuns equipados de redes de distribuição de água potável, linhas telefónicas, vias de cesso em melhores condições, entre outras infra-estruturas praticáveis.
Aquele organismo sustenta ainda que a urbanização é feita antes de uma determinada zona ser habitada. Entretanto, na cidade de Maputo ocorre, frequentemente, o contrário.Sem falar dos bairros periféricos que desde a sua criação convivem com problemas graves de urbanidade e de saneamento, as zonas em expansão são constantemente povoadas sem o mínimo infra-estruturas inerentes à sobrevivência humana.
O Sub-Secretário Geral das Nações Unidas e Director Executivo do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (UN-Habitat), Joan Clos, de visita oficial a Moçambique de 14 até 20 de Outubro corrente, realizou, esta terça-feira (16), uma mesa redonda no Município de Maputo, na qual falou sobre a “Urbanização em Moçambique: Oportunidades e Desafios”.
Segundo ele, o governo de um país é a peça fundamental na urbanização de um território porque cabe-lhe a responsabilidade de conceber o plano urbanístico e fazer projecções de espaços futuros.
O que era simplesmente uma mesa redonda chegou a ser uma “aula” a avaliar pelas explicações do director da UN-Habitat sobre o assunto em alusão, sobretudo, tendo em conta a situação urbanística do país, onde não poucas vezes as pessoas primeiro constroem e mais tarde são desalojadas para dar lugar a implementação de Planos de Ordenamento Territorial.
Ademais, o responsável advertiu, com base na sua experiência, que não se deve confundir urbanização com a construção de edifícios, pois estes são erguidos sem se respeitar, às vezes, o ordenamento de espaços públicos. Surgem guetos e pessoas aglomeradas em espaços onde deviam ser edificadas cidades com maior densidade.
No encontro estiveram presentes David Simango, edil de Maputo; Francisco Perreira, vice-ministro da Obras Públicas e Habitação; Arlindo Djedje, do Ministério de Coordenação para Acção Ambiental; Júlio Carrilo, professor e arquiteto e representantes de algumas embaixadas e demais organizações de cariz nacional e internacional.
Perante aquele auditório, diga-se, cujo assunto da habitação é de sua alçada, Joan Clos disse que a urbanização deve propiciar às cidades maior densidade populacional para haja melhor desenvolvimento económico. “Uma cidade com menor densidade populacional tem uma economia muito fraca e não há redução do custo de produtividade como deveria acontecer”.
A cidade chinesa de Hong-Kong, de acordo com o exemplo de Clos, tem 90 mil habitantes por quilómetro quadrado e, por conseguinte, é a mais produtiva. Chamou atenção a necessidade de se planificar os assentamentos urbanos de modo que futuramente seja melhorar o que tiver ocorrido mal durante o processo.
Aliás, ele recordou que Moçambique é altamente vulnerável aos fenómenos naturais, tais como ciclones e cheias. Recomendação: “as autoridades e sociedade devem melhorar o planeamento urbano”.

