Mais de 1.300 candidatos de 12 partidos vão tentar conquistar no dia 30 de agosto uma das 480 cadeiras da Câmara dos Deputados do Japão, que se encarregará, em seguida, de eleger um primeiro-ministro, tradicionalmente o líder do partido vencedor, numa votação histórica que pode acabar com meio século de hegemonia conservadora.
De acordo com as pesquisas, o Partido Liberal Democrata (PLD, direita) do primeiro-ministro Taro Aso está mais de 10 pontos atrás do principal movimento de oposição, o Partido Democrata do Japão (PDJ), dirigido por Yukio Hatoyama. Porém, um terço das pessoas entrevistadas dizem não saber ainda em quem vão votar.
O anúncio, no último dia 17, de uma retomada do crescimento após cinco trimestres de recessão é um ponto positivo para Aso, que baseou sua campanha no “senso das responsabilidades”, frente a um PDJ criticado por sua inexperiência do poder.
No dia 18, Aso, um rico nacionalista de 68 anos, fez seu primeiro discurso de campanha em Hachioji, 40 km a oeste de Tóquio. Instalado no teto de uma caminhonete, o primeiro-ministro fez um discurso para mil pessoas reunidas diante da estação de trens. “Tenho que admitir que o governo não deu a devida atenção” às desigualdades sociais e à pobreza, declarou. “Agora, estamos levando estas questões a sério”, afirmou.
Aso referia-se aos sinais animadores de recuperação econômica no Japão, atribuindo o mérito da volta do crescimento a seus quatro planos orçamentários. “Nossas medidas econômicas estão dando frutos”, enfatizou, destacando, porém, que sua política econômica “ainda está no meio do caminho”. Yukio Hatoyama, 62 anos, herdeiro de uma rica dinastia política frequentemente comparada à família Kennedy, foi a Osaka, a grande metrópole do oeste do país, para falar do “novo Japão” que quer criar. “Chegou a hora de mudar a história do Japão. Com coragem, vamos instalar uma nova política focalizada em cada um de vocês. Por favor, ajudem o PDJ a mudar o poder”, declarou.
O PDJ pretende aproveitar-se da insatisfação dos japoneses, preocupados com o aumento do desemprego e a precariedade de trabalho, seduzidos pelo conceito de “política diferente”, mais próxima das pessoas, que o partido propõe. Na Câmara dos Deputados, o PLD e seu aliado, o Novo Komeito, tinham uma ampla maioria de 334 cadeiras desde as eleições de 2005, vencidas com folga graças à popularidade do primeiro-ministro da época, Junichiro Koizumi.
No entanto, seus sucessores, Shinzo Abe, Yasuo Fukuda e Taro Aso – três primeiros-ministros em três anos – não conseguiram impedir o declínio do poderoso PLD, que governa o Japão há 54 anos, com exceção de uma breve interrupção de 10 meses no início dos anos 90.
Os conservadores, que perderam o controle do Senado em 2007, parecem resignados à derrota. Contudo, eles querem impedir o PDJ, que obteve 112 cadeiras em 2005, de conquistar a maioria absoluta de 241 cadeiras na Câmara dos Deputados. Se o PDJ não conseguir a maioria absoluta, terá de se aliar a outros pequenos partidos para formar uma maioria, um cenário que durou apenas dez meses em 1993 e 1994 antes da volta do PLD ao poder.