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Jacob Zuma reeleito na liderança do ANC

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, foi nesta Terça-feira reconduzido na liderança do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), por mais cinco anos. Esta vitória abre caminho para a candidatura de Zuma a um novo mandato na chefia do Estado em 2014.

Zuma bateu confortavelmente Kgalema Motlanthe por 2.983 contra 991 dos 3.977 votos dos delegados ao congresso do ANC, reunidos desde domingo em Bloemfontein (centro), de acordo com o anúncio oficial dos resultados.

O político, que depois de 1994 se tornou um dos mais poderosos e ricos empresários da África do Sul, Cyril Ramaphosa, conquistou a vice-presidência do partido com 3.018 votos contra 470 para Matthews Phosa, antigo Tesoureiro da organização, e 463 para Tokyo Sexwale, atual ministro da Habitação.

O atual vice-presidente da República, Kgalema Motlanthe, que não se candidatou à vice-presidência do partido – cargo que ocupava desde 2007 – foi assim afastado da estrutura de topo do partido no poder.

O plenário da 53.ª conferência eleitoral do ANC, que se realiza na universidade do Free State, em Mangaung (a área metropolitana de Bloemfontein), reelegeu também Baleka Mbete para o cargo de coordenadora nacional.

A candidata Thandi Modise, que concorreu contra Mbete, somou apenas 939 votos, contra 3.010 votos conquistados pela vencedora.

No cargo de secretário-geral mantém-se Gwede Mantashe, que conquistou 3.058 votos dos delegados contra 901 de Fikile Mbalula, o candidato que se dizia próximo da Liga da Juventude do partido e do ex-presidente Julius Malema, que foi expulso da organização.

Mbalula detém a pasta do Desporto no executivo de Jacob Zuma.

Jessie Duarte, a veterana ativista que já ocupava o cargo de secretária-geral adjunta, manteve a posição que tinha no partido no poder, uma vez que não se apresentaram candidatos ao lugar.

O último dos seis mais importantes cargos políticos do ANC, o de Tesoureiro Geral, foi entregue a Zweli Mkhize, que bateu Paul Masahatile, líder da organização na província de Gauteng, por 2.988 votos contra 961.

Observadores sul-africanos afirmaram que apesar da vitória, aparentemente confortável, Zuma poderá, a médio prazo, ter grandes dificuldades em manter a unidade e integridade do ANC, dado que o partido evidenciou profundas fissuras em várias províncias, com particular incidência em Gauteng, Limpopo, Noroeste e Cabo Ocidental.

A grande dúvida depois desta conferência – que terá ainda de definir as grandes linhas político-ideológicas do ANC para os próximos cinco anos – é se Zuma manterá Kgalema Motlanthe na vice-presidência do Estado até 2014, a bem da unidade, ou se “castigará” de imediato a ousadia de Motlanthe concorrer à presidência do partido com uma demissão imediata de “número dois” do executivo.

Cyril Ramaphosa, o novo vice-presidente do ANC, e em tempos secretário-geral do Sindicato dos Mineiros (NUM), conquistou enorme prestígio na fase de transição entre o “apartheid” e a nova ordem democrática sul-africana (1990 a 1994), por gerir com grande perícia o processo negocial com o defunto Partido Nacional, que deu origem à nova Constituição e às primeiras eleições gerais multirraciais da História da nação sul-africana.

Depressa se tornou “o rosto” do ANC no mundo dos negócios, criando uma empresa de investimentos, que detém atualmente forte participação em dezenas de grandes empresas das áreas mineira, financeira, dos ‘media’, entre outras. Ramaphosa faz parte dos conselhos de administração de muitas empresas nacionais e multinacionais, como a McDonalds, Coca-Cola, e várias outras.

“O papel de Ramaphosa no ANC é um dos grandes mistérios da atualidade. Ramaphosa é um bilionário e eu não percebo como é que um bilionário pode ser vice-presidente de um partido que se diz ‘dos pobres’. Provou comportar-se como um bilionário na recente crise de Marikana [durante a qual a polícia matou 34 mineiros em greve, a 16 de agosto), é um dos maiores acionistas da empresa Lonmim e, embora não tenha culpa dos atos da polícia, provou que esteve sempre pouco preocupado com as péssimas condições de vida e salariais dos mineiros, que levaram àquela situação”, referiu o professor de Ciências Politicas Adam Habib, à estação de televisão “e-nca”, logo após a divulgação dos resultados da conferência.

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