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Iraque recupera controle de suas cidades seis anos depois da invasão americana

As forças de segurança do Iraque retomaram esta terça-feira o controle de suas cidades, seis anos depois da invasão liderada pelos Estados Unidos, cujas tropas ainda permanecerão fora dos centros urbanos para treinar seus pares iraquianos antes de partir definitivamente, no fim de 2011.

O tão esperado acontecimento acabou ofuscado pelo anúncio que um atentado com carro-bomba matou 26 pessoas e feriu outras 56 num mercado da cidade de Kirkuk e também sobre a morte de quatro soldados americanos na segunda-feira, “em consequência de ferimentos sofridos em combate”, segundo informou o exército americano.

As forças nacionais assumirão as funções de segurança do país na esteira de um acordo bilateral assinado no fim de 2008. A partir de agora, 500.000 policiais e 250.000 militares iraquianos ficarão responsáveis pela manutenção da segurança nas cidades e povoados. O primeiro-ministro do Iraque, Nuri Al Maliki, criticou os “céticos que não acreditavam na capacidade (dos iraquianos) para assumir sua própria segurança”, e os que afirmavam que “as forças estrangeiras não se retirariam”.

Al Maliki reforçou seu apelo “a todos os países árabes e islâmicos, que assumam uma posição comum contra as fatwas (decretos religiosos) destrutivas”, em uma clara alusão ao xeque Adel Al Gilbani, mufti de Meca, que declarou em junho à rede britânica BBC que “os religiosos xiitas son sin lugar a dudas renegados”.

Segundo o islão, é permitido matar um renegado, e o que comete o crime não pode ser perseguido. O Iraque, que durante 80 anos foi governado por sunitas, é dirigido por xiitas desde a queda de Saddam Hussein, em 2003. O presidente iraquiano, Jalal Talabani, louvou as forças americanas por terem derrubado o ditador. “Enfrentaram perigos para combater o mais cruel dos regimes, e nosso inimigo comum: o terrorismo”, disse, num discurso transmitido pela televisão.

O governo decretou feriado no dia 30 de junho. Nas ruas, desertas, os tanques e veículos blindados do exército e da polícia decorados com flores assumiram suas posições. Nos alto-falantes tocavam canções patrióticas. “Estamos contentes em assumir a segurança da cidade, e somos totalmente capazes de fazê-lo”, afirmou Ibrahim Al Machhadani, um oficial da polícia, estimando que as ruas estavam desertas porque a população está com medo de ataques.

As últimas semanas foram marcadas por violentos atentados, que deixaram pelo menos 200 mortos. Al Maliki apontou os Takfiri (sunitas extremistas) e os baatistas (ligados ao partido de Saddam Hussein) como autores dos ataques. “Eu preferia uma retirada total das tropas americanas, mas neste momento ainda não é possível, já que ainda há atentados terroristas (…). As forças americanas poderão partir quando nosso exército estiver totalmente operacional”, estimou Abu Muhanad, um motorista de autocarro.

Ao todo, 131.000 soldados americanos permanecerão no Iraque depois desta terça-feira. Na segunda-feira, os iraquianos já comemoravam a retirada do exército americano de suas cidades. Milhares foram ao parque Zawra, em Bagdá, para festejar.

A invasão conduzida pelos EUA em 2003 transformou-se rapidamente em um caos, que levou a uma sangrenta guerra. Esta retirada é a primeira etapa do processo de saída total do Iraque, que deverá terminar em 2011.

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