Pelo menos 31 pessoas morreram no domingo no sudeste do Irão, na fronteira paquistanesa, num atentado que decapitou o comandante local dos Guardiães da Revolução, o exército ideológico do regime, segundo um novo número citado pela agência Isna. A cifra deste atentado suicida sem precedentes diverge entre as agências de notícias iranianas: à tarde, a agência Mehr havia anunciado 49 mortos. Sete comandantes deste corpo de elite foram mortos, entre eles “o general Nour-Ali Shoushtari e o general Rajab-Ali Mohammad-Zadeh – este último comandante para a província do Sistão-Baluchistão, precisou a agência de notícias Fars.
O Irão havia denunciado um acto “terrorista”, acusando os Estados Unidos de estarem envolvidos no ataque que, segundo um funcionário de alto escalão do poder judiciário, foi assumido pelo grupo rebelde sunita Jundallah. Washington condenou o atentado, negando qualquer participação. O Paquistão foi também alvo das críticas de Teerã. O Irã chegou a convocar o encarregado de negócios de Islamabad para protestar contra a utilização do território paquistanês por “terroristas” que teriam praticado o atentado de domingo, segundo a agência de notícias Isna. O ministério iraniano das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios paquistanês em Teerã para expressar sua posição.
A população iraniana é formada por 71 milhões de pessoas, com mais de 90% de seita xiita. Mas a província de Sistão-Baluchistão, próxima à fronteira com Paquistão e Afeganistão, abriga uma forte minoria sunita. A seita xiita foi formada no séc. VII por muçulmanos partidários de Ali, primo e genro de Maomé, e que sustenta, em oposição à corrente sunita, só serem autênticas as tradições transmitidas através dos descendentes de Ali e Fátima, filha do Profeta. A região perto da fronteira é considerada a província menos segura do Irã devido à presença de rebeldes e traficantes de drogas.
“Soubemos que alguns agentes no Paquistão cooperavam com os principais autores (do atentado) e consideramos nosso direito exigir esses criminosos”, afirmou o presidente Mahmoud Ahmadinejad, ao solicitar a Islamabad a prisão sem demora dessas pessoas. Mohammad Marzieh, procurador-geral de Zahedan, capital da província do Sistão-Baluchistão, declarou que nenhum suspeito do grupo de Abdolmalek Righi (Jundallah) havia sido detido até agora. O atentado foi praticado às 08h00 locais (02h30 de Brasília) na cidade de Pishin, na fronteira com o Paquistão, quando os comandantes dos Guardiães da Revolução participavam de uma reunião com os chefes tribais da província de Sistão-Baluchistão para “reforçar a unidade entre xiitas e sunitas”, segundo a agência iraniana Fars.
Foi um atentado suicida, indicou a agência de notícias oficial Irna. “Um homem que levava explosivos acionou a carga durante uma reunião dos chefes tribais” da província com os comandantes dos Guardiães da Revolução, explicou a agência. Larijani confirmou a morte dos altos comandantes militares em um discurso pronunciado no Parlamento e transmitido pela televisão. Depois do ataque, os Guardiães da Revolução emitiram um comunicado no qual acusam “a opressão mundial de ter estimulado os elementos a seu serviço” para cometer o atentado. O termo “opressão mundial” é utilizado geralmente para designar os países ocidentais, em particular Estados Unidos e Grã-Bretanha.
Por sua vez, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento, Alaedin Borujerdi, também acusou os “Estados Unidos de estarem por trás dos grupos terroristas, em particular do grupo (sunita Jundallah, dirigido por Abdulmalek) Righi”, informou a agência de notícias Mehr. O grupo rebelde sunita Jundallah é geralmente acusado pelas autoridades iranianas de efetuar ações armadas como a que ocorreu no domingo. Esse grupo reivindicou o atentado suicida que em 28 de maio deixou 25 mortos na mesquita xiita de Zahedan, capital da região. Em fevereiro de 2007, um carro-bomba explodiu na passagem de um autocarro dos Guardiães da Revolução, deixando 13 mortos e cerca de trinta feridos, também em Zahedan.