Tim Cook não é Steve Jobs quando se trata de liderar a Apple. Mas, como lançamento do iPhone 5 acaba de provar, isso pode não ser algo mau. O novo aparelho, mais comprido, fino e leve, desencadeou uma corrida em Wall Street para elevar a meta de preço das acções da Apple, mas o optimismo não era resultado de um grande avanço tecnológico ou uma inovação no design; decididamente, o factor perplexidade, a marca comercial do falecido cofundador da Apple, estava ausente.
Em vez disso, foi a velocidade do lançamento mundial que surpreendeu, validando a tão propalada magia do novo CEO na tarefa essencial, mas sem glamour, de administrar uma rede de suprimentos.
“Nós estamos positivamente surpresos com o ritmo do lançamento, já que esperávamos um grande impacto das restrições de fornecedores de componentes”, disse o analista Ben Reitzes, do Barclays.
Até a próxima Sexta-feira, o iPhone 5 estará em 31 países e, no fim do ano, em 100. Isso será 30 por cento mais do que o lançamento do modelo anterior, o 4S, em período semelhante, calcula o analista Peter Misek, da Jeffries.
Esse resultado significa que a Apple superou as restrições de fornecedores de componentes e firmou acordos com 240 operadores. Nos próximos dez dias terá iPhones suficientes no mercado para obter um efeito material nos ganhos.
“As suas habilidades encaixam-se no período de tempo e no fluxo do produto”, disse Raymond Miles, professor emérito da Haas School of Business, da Universidade da California-Berkeley, acrescentando que a Apple pode estar numa etapa em que precisará de “alguém com uma visão de produto”.
O lançamento do iPhone aponta alguns outros indicadores subtis de como a Apple está a mudar na gestão de Cook. Em eventos públicos, Jobs aparecia com a sua camiseta preta de gola alta e fazia uma exposição cuidadosamente elaborada.
No evento de apresentação do iPhone 5, Cook misturou-se a um grupo de executivos, todos vestidos de um jeans desportivo com uma camisa por fora da calça, num estilo casual.
Na realidade, seria possível dizer que, como marca de Cook, está a emergir um estilo prático, de pouca visibilidade, mas de acções com alto impacto.
Ele introduziu um dividendo como parte dos mais de 100 bilhões de dólares de valor da marca, elevou os salários para uma força de trabalho tremendamente leal, mas mal paga nas lojas da Apple, e agilizou o lançamento de produtos.