A recente interrupção da circulação de comboios da companhia australiana Rio Tinto no transporte de carvão mineral de Moatize ao Porto da Beira, no centro de Moçambique, resultou em avultados prejuízos financeiros aos cofres da Empresa Pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique-Centro (CFM).
A paralisação, levantada semana passada, aconteceu logo após que a Renamo, maior partido da oposição do país, anunciou a sua intenção de bloquear a linha férrea de Sena e o perímetro Muxúnguè-Save, na Estrada Nacional Número Um, alegando que as vias estavam a ser usadas para o transporte de homens e material bélico das forcas de defesa e seguranca para cercar a base daquele movimento armado em Gorongosa.
Por isso, a Rio Tinto decidiu unilateralmente paralisar todo o seu tráfego semanal de uma média de oito locomotivas, enquanto a companhia brasileira Vale manteve a circulação entre 28 e 30 comboios. Os próprios CFM – Centro operavam de forma condicionada.
“Como autoridade do Sistema Ferroviário da Beira (formado pelas linhas de Sena e Machipanda), sempre mantemos as vias abertas, sendo que os comboios dos CFM e Vale nunca pararam”, disse o director executivo dos CFM-Centro, Cândido Jone, revelando em seguida que a redução do fluxo dos comboios foi de uma média de 12 para oito unidades na linha de Sena.
Este facto obrigou igualmente ao abrandamento da velocidade das composições o que no final do dia teve repercussões no número de viagens efec- tuadas.
“Por isso mesmo, os prejuízos finan- ceiros são enormes, porque a Rio Tinto parou de andar no dia 20 de Junho e reto- mou a 4 de Julho. Foram 14 dias em que apenas circulavam locomotivas de CFM e da Vale”- sublinhou Jone.
Sobre as reais causas que ditaram a inactividade de Rio Tinto no escoamento deste recurso durante duas semanas completas, contactos encetados pelo Jornal junto àquela companhia foram infrutíferos.
O transporte de carvão mineral de Moatize até ao Porto da Beira é feito diariamente na linha de Sena nos sentidos ascendentes e descendente por uma média de seis “comboios-tipo” formados cada por duas locomotivas através de uma composição de 42 vagões. As metas da exportação deste mineral para este ano estão fixadas em seis milhões de toneladas.