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Interesses brasileiros em Moçambique

Estabelecido calendário para minas de carvão de Chingodzi

O investimento brasileiro em Moçambique ainda é insignifi cante, mas há cada vez mais empresas brasileiras a fortalecerem a sua presença no país, nos mais variados sectores. A balança comercial entre os dois países é desfavorável a Moçambique e o défice entre 2004 e 2008 foi de 117,829 milhões de dólares.

Nos últimos anos, algumas empresas brasileiras têm vindo a investir em Moçambique. A presença de firmas da “terra do samba” em solo moçambicano começou a ganhar destaque quando a Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD) obteve a concessão para explorar o carvão de Moatize, naquela que é considerada uma das maiores reservas carboníferas do mundo.

Dentre os interesses brasileiros que estiveram sob os holofotes dos media também se destacam os demonstrados pela petrolífera Petrobras em investir nas áreas de petróleo e dos biocombustíveis; pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na instalação de um escritório de transferência de tecnologia; o projecto que a construtora Camargo Corrêa apresentou para a Barragem de Mpanda N’kuwa, no Rio Zambeze, num investimento de 2,1 biliões de euros; e a construção de uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais.

Além daquelas grandes instituições, várias pequenas e médias empresas brasileiras têm interesses no nosso país e crescem no mercado nacional a olhos vistos.

Com os grandes projectos que estão a ser implementados em Moçambique, como é o caso da Vale e a Barragem de Mpanda N’kuwa, “sentimos que há maior número de empresas brasileiras a instalarem-se no país e a fazerem negócios”, diz José Manuel Caldeira, presidente da Câmara do Comércio Moçambique Brasil (ccmobra).

Parceria

Desde a criação da ccmobra em 2004, verificou-se um aumento crescente de empresas brasileiras interessadas em investir em Moçambique. “Na câmara recebemos sempre pedidos de informação, indicações sobre quais são as perspectivas do país, portanto, nós encaramos com muito optimismo esta relação entre os dois países”, comenta Caldeira.

A câmara foi fundada com o objectivo de fomentar o aumento das relações comerciais entre Moçambique e Brasil, e tem contactos directos com a sua congénere no Estado de Minas Gerais e de Espírito Santo, além de outras instituições de comércio brasileiras. “As câmaras mandam-nos listas das empresas brasileiras e as respectivas áreas de negócio para fazermos ligações com as empresas moçambicanas”.

Os interesses brasileiros em Moçambique têm vindo a crescer. Existem diversas empresas daquele país da América latina a explorar diversas áreas, sobretudo no que respeita à logística, exportação, principalmente na área de tecidos e produtos alimentares.

A presença brasileira no país pode ser percebida também pelas placas nas construções com os nomes de empresas daquele país, responsáveis pelas obras de prédios públicos e privados, enquanto no comércio há lojas de cosméticos e perfumes das grandes redes brasileiras.

Um número considerável de empresas do país de Pelé está a criar parcerias com o empresariado nacional como, por exemplo, na área de confecções, logística, entre outras. Aliás, @Verdade sabe que há indicações de que existe uma empresa brasileira interessada numa grande parceria com empresários moçambicanos na produção de equipamentos e materiais para a indústria mineira.

Exportações brasileiras

O comércio bilateral entre Moçambique e Brasil ainda tem muito o que crescer, apesar de ter vindo a fortalecer-se ao longo do tempo. Nos últimos cinco anos, as exportações brasileiras para o nosso país foram de apenas 146,4 milhões de dólares norte-americanos.

Neste momento, a balança comercial é altamente favorável ao Brasil, uma vez que se trata de um país com tradição no sector de exportação. José Caldeira afi rma que este cenário vai mudar gradualmente. “Não é um processo que vai correr de hoje para amanhã. E é por isso que incentivamos as parcerias porque as empresas moçambicanas ainda não têm competitividade sufi ciente para entrarem no mercado brasileiro”.

Entre 2004 e 2005, os dados mostram que as exportações se situaram em 1,650 milhão de dólares, e as importações em 119,479 milhões. O défice comercial entre 2004 e 2008 foi de 117,829 milhões de dólares.

De Janeiro a Outubro de 2009, a relação comercial entre os dois países registou 102,5 milhões de dólares. Nos dez primeiros meses desse ano, as exportações brasileiras foram de 100,4 milhões, mais de 253,3% do registado em igual período do ano anterior. Só os produtos industrializados representaram 87,3% das exportações brasileiras para Moçambique, seguidos pelos básicos, que registam 12,6%.

Refira-se que os principais produtos brasileiros vendidos foram aviões, carne de frango (congelada, fresca ou refrigerada), reboques, semi-reboques, móveis e suas partes e tractores. De Moçambique, o Brasil comprou 2,1 milhões de dólares entre Janeiro e Outubro.

A gigante Vale

A segunda maior mineradora do mundo e a maior empresa privada do Brasil, a Vale do Rio Doce, está presente em Moçambique desde Novembro de 2004, após vencer concurso para a realização de pesquisas em Moatize.

Desde 2004, a Vale fez investimentos em projectos virados para as áreas de educação, cultura, saúde, infraestruturas e agricultura em Moatize, em particular, e em toda a província de Tete.

Em 2009, para o projecto de Moatize, a multinacional anunciou um investimento de cerca de 444 milhões de dólares americanos. No total o investimento a aplicar no projecto será de 1,389 mil milhões de dólares.

Ainda no ano transacto, a companhia brasileira anunciou um apoio na reabilitação da linha férrea e do porto de Nacala, província de Nampula, tendo sido o maior investimento no sector dos transportes em Moçambique, calculado em 1,6 bilião de dólares.

Na fase de exploração total, a empresa pode tirar de Moatize, por ano, até 40 milhões de toneladas de carvão. Actualmente a linha do Sena (para a Beira) tem uma capacidade de seis milhões e Nacala pouco mais, daí a importância do investimento feito pela mineradora.

Recentemente, a Vale obteve 51% da participação accionária na Sociedade de Desenvolvimento do Corredor do Norte (SDCN), detida pela empresa moçambicana INSITEC. Com o negócio, a mineradora dá um passo importante para viabilizar o escoamento da produção em Moçambique.

Refira-se que a SDCN controla, com 51% de participação, o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) e a Central East African Railway (Cear). A CDN é responsável pela concessão de um trecho ferroviário de 872 quilómetros em Moçambique.

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