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Informação em Inhambane

O município de Inhambane tem 63 mil habitantes e um único posto de venda de jornais. O espaço fecha aos domingos e a cidade fica sem informação.

“No domingo só é possível ler os jornais comprados no dia anterior”, referiu um residente quando perguntámos onde podíamos adquirir jornais. Efectivamente, os moradores de Inhambane têm acesso à informação através das rádios e dos canais abertos de televisão. Chegam também alguns jornais da capital e da cidade da Beira.

Inhambane recebe menos de 1000 exemplares de jornais por dia. Contudo, todos os jornais produzidos no país chegam ao município, mas a maior parte só é comercializada um dia depois de sair à rua. Um exemplo elucidativo é o do Domingo. “Só é lido na segunda-feira porque há pouco movimento nas ruas e a loja não abre”, refere Justino.

Procurámos os jornais que saem nas segundas-feiras, mas só encontrámos o Notícias. Os outros jornais só conseguimos ler no dia seguinte. Ou seja, Inhambane, uma cidade calma, informa-se um dia depois de Maputo.

Informação de interesse público

Fizemos uma ronda pelas ruas desertas no domingo em que estava prevista a chegada do ciclone Irina à baía de Inhambane. Perguntámos aos poucos transeuntes se tinham consciência do que poderia ocorrer. Mas “ninguém” estava informado.

“Ouvimos qualquer coisa na televisão, mas não temos uma ideia clara”, disseram-nos. Contudo, a chuva que caía sem avisar e a interrupção da travessia Inhambane/Maxixe eram um convite a ficar em casa. Ou seja, mesmo que o ciclone chegasse encontraria muito poucas pessoas fora de casa.

Num dia útil fomos até ao INGC local. Porém, ninguém nos recebeu. Uma senhora que não quis dar o seu nome disse-nos que devíamos fazer uma carta solicitando toda a informação que pretendíamos. Tentámos explicar que informação de interesse público não pode ser tão burocratizada. Debalde. Manteve-se irredutível na sua posição.

Diante de tanta intransigência, não nos restou outra opção que não fosse abandonar o recinto. Saímos, portanto, de Inhambane sem saber como o INGC informa os pessoas sobre possíveis calamidades. Mas de uma coisa temos a certeza: se o processo é tão burocrático, os moçambicanos perdem muito.

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