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Inflação de alimentos deve recuar em 2012, diz FAO

Os preços dos alimentos devem recuar levemente em 2012 devido à desaceleração da economia global, ainda que não seja esperada uma queda drástica a partir dos altos níveis observados no ano passado, disse, Terça-feira, o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva.

Graziano, que foi ministro no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), substituiu Jacques Diouf, do Senegal, na liderança da FAO no início de 2012. Ele disse que a volatilidade nos mercados de alimentos deve continuar e que mais pessoas correm o risco de enfrentar a fome devido à instabilidade económica.

“Os preços não vão subir como nos últimos dois, três anos, mas também não vão cair. Pode haver algumas reduções, mas não drásticas, no curto prazo”, disse Graziano em entrevista à imprensa. “A volatilidade vai continuar, isso está claro”, disse ele.

Os preços globais dos alimentos medidos pela FAO atingiram pico em Fevereiro, mas têm caído desde Junho com a melhora das colheitas e preocupações sobre os distúrbios econômicos globais freando o crescimento da demanda.

Os altos preços dos alimentos ajudaram a estimular a inflação e contribuíram para os conflitos civis e para a chamada Primavera Árabe, no início de 2011.

Graziano da Silva disse não esperar que a desaceleração económica na Europa impacte o financiamento de projectos da FAO, pois a quantia doada pelos países corresponde a uma proporção tão pequena do Produto Interno Bruto (PIB) que seria improvável cortá-la.

Mas ele disse que a desaceleração deveria elevar o número de pessoas com risco de passar fome no mundo. “Teremos mais trabalho para fazer, com mais pessoas com fome, mais pessoas desempregadas, e vamos precisar de novas formas de ajudá-las”, disse ele, começando um mandato de três anos e meio.

Foco na África

O agrónomo de 62 anos de idade é primeiro latino-americano na liderança da agência das Nações Unidas. Ele disse que focaria os seus esforços nos países pobres com maior necessidade de ajuda externa, e que a sua prioridade seria a África e, em particular, o norte.

Ele pretende visitar o Chifre da África no início deste ano, onde seca e fome estão afetando milhares de pessoas. A FAO é a maior agência da ONU, com orçamento anual de cerca de 1 bilhão de dólares e 3.600 funcionários. Ela enfrenta a crise alimentar em todo o mundo, agravada pela volatilidade dos preços.

Graziano da Silva, ex-diretor da FAO na América Latina e Caribe e ex-ministro de segurança alimentar no Brasil, vai precisar de construir uma ponte entre os países doadores e países em desenvolvimento, para promover um consenso e evitar a paralisação da organização.

Ele pretende acabar com a burocracia e reduzir benefícios para a diretoria, além de querer descentralizar as operações e dar mais autoridade aos postos locais, disse.

A FAO aprovou reformas depois de uma avaliação financiada por seus membros em 2007, segundo a qual havia risco de “declínio terminal” no organismo internacional devido à sua governação fraca, além da falta de transparência e responsabilidade.

No ano passado, a Grã-Bretanha ameaçou se retirar da organização, a menos que melhorasse o seu desempenho, e alguns doadores, como os Estados Unidos, deram início a projectos de desenvolvimento agrícola próprios.

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